Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O julgamento do Massacre do Carandiru teve durante a tarde de hoje (20) a explanação da Ieda Ribeiro de Souza, advogada de defesa dos 26 réus, policiais militares acusados de matar 15 presos que ocupavam o segundo pavimento do Pavilhão 9 do Carandiru. A advogada reafirmou que os PMs não podem ser condenados a partir de uma acusação genérica.
“Contra acusação genérica, eu não tenho como me defender. Eu preciso que você me acuse de algo para eu me defender”, disse. Para Ieda, os promotores precisam mostrar onde está a atuação de cada um dos policiais durante a ação na Casa de Detenção para possa haver punição.
A advogada criticou também que os 26 policiais militares estejam sendo acusados pelo morte de cada um dos 15 presos, que ocupavam o segundo pavimento. “Eu só posso concluir que o mesmo preso morreu 15 vezes”, disse.
Ieda disse, além disso, que é injusto julgar os 79 policiais militares, sendo que 330 entraram na Casa de Detenção naquele 2 de outubro de 1992. “[No total], 330 PMs entraram, por que estou julgando só 79?”. Segundo ela, essa escolha foi feita com base na declaração dos próprios policiais. Estão sendo acusados aqueles que admitiram ter atirado. “Em que país sério o réu diz que não atirou e acabou? Isso é uma brincadeira de mau gosto ao Judiciário”, disse a advogada.
A advogada comentou também o fato de um número grande – 111 detentos – ter morrido após a entrada da polícia. “É um número grande, mas dentro de um macrossistema de mais de 7 mil presos. Isso nunca aconteceu eu nenhum outro lugar do mundo, porque não há outro lugar no mundo com uma população de presos como essa”, disse ela.
A expectativa é que a decisão dos jurados saia ainda na noite de hoje.
Edição: Talita Cavalcante
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil