Médica adverte que cirurgia plástica ambulatorial também exige suporte

13/04/2013 - 12h54

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O Conselho Federal de Medicina (CFM) permite que algumas cirurgias plásticas sejam ambulatoriais, isto é, feitas nos próprios consultórios médicos, desde que haja suporte para o caso de alguma intercorrência, de modo a não oferecerem riscos aos pacientes. Essas cirurgias prescindem da presença de um anestesiologista.

É o caso da retirada de um cisto de pele, da aplicação de botox ou da infiltração de algum material para tratar cicatrizes elevadas, por exemplo, informou a cirurgiã plástica Wanda Elizabeth Massiere y Correa. Ela é professora e membro das Câmaras de Cirurgia Plástica do CFM e do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) e coordena a Comissão de Silicone da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Em entrevista à Agência Brasil, Wanda explicou que, mesmo um procedimento um pouco maior, chamado de porte 2, como a retirada de um tumor na mão, pode continuar sendo feito no consultório, mas depende de autorização do Cremerj. A fiscalização do conselho vai até o local e verifica se existe suporte para atender a alguma anormalidade, como um mal-estar do paciente. “Tem que ter os recursos para atendimento daquele paciente, além de outro profissional qualificado.”

Uma pequena lipoaspiração, que requer anestesia local, precisa ser feita em clínica de saúde. O mesmo ocorre com uma cirurgia para correção de pálpebras (blefaroplastia). “Não é possível que seja feita em consultório, em nenhuma hipótese, porque já é uma cirurgia de porte 3, que terá que ter um anestesista junto com o cirurgião.”

Nesse caso, a clínica não precisa ter, “necessariamente”, um centro de tratamento intensivo (CTI). “Porque um CTI que não funciona ou só funciona em eventualidades é o pior CTI do mundo”, disse Wanda. Para ela, é melhor que esse tipo de estabelecimento disponha de suporte a distância, porém conectado à clínica, ou seja, uma ambulância disponível para dar os primeiros-socorros em caso de necessidade, a fim de manter o paciente bem, ou para levá-lo ao CTI de um hospital de grande porte.

De acordo com a médica, todas as cirurgias plásticas de grande porte devem ser feitas somente em hospitais com unidades de tratamento intensivo em funcionamento contínuo. Ela disse que, de cinco anos para cá, as clínicas estão se qualificando para ter CTIs que deem todo suporte a seus pacientes. Devido ao comprometimento natural da idade, que eleva o nível de risco, a cirurgia plástica em pacientes idosos precisa ser feitas em hospitais maiores e dotados de CTIs.

“O que norteia um bom profissional é ter consciência e não abrir mão disso, porque os riscos estão aí. O critério é o bom senso”. Além disso, o cirurgião plástico deve se manter sempre atualizado, participar de congressos, estar atento aos novos medicamentos e não se manter “encastelado” na sua clínica, ressaltou Wanda. Ela citou Ivo Pitanguy como um dos melhores profissionais brasileiros, que se mantém atuante até hoje, com mais de 80 anos de idade.

Edição: Tereza Barbosa

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