Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Um raro álbum de desenhos do artista brasileiro Di Cavalcanti (1897-1976) será mostrado, a partir deste sábado (13), na Casa Guilherme de Almeida, na zona oeste de São Paulo. A exposição Os Fantoches da Meia-Noite apresenta 16 gravuras do artista pintadas à mão, em um caderno, de mesmo nome, que pertenceu ao poeta e escritor modernista Guilherme de Almeida.
Almeida foi grande amigo de Di Cavalcanti, com quem trabalhou e colaborou principalmente durante a Semana de Arte Moderna de 1922. Esse exemplar único da publicação Os Fantoches da Meia-Noite, que faz parte do acervo do poeta, apresenta as 16 gravuras com intervenções de cor incluídas pelo próprio Di Cavalcanti, diferente dos exemplares que foram publicados pela Monteiro Lobato & Cia., em 1922.
“É um álbum que teve uma baixíssima tiragem e, neste caso específico do exemplar que pertenceu ao poeta Guilherme de Almeida, foi personalizado por Di Cavalcanti. Ele coloriu as gravuras especialmente para o poeta. Por isso é um exemplar único”, disse Marcelo Tapia, diretor do museu Casa Guilherme de Almeida, em entrevista à Agência Brasil.
Nas gravuras estão retratadas figuras boêmias do Rio de Janeiro do início do século 20. Cada uma delas apresentando um diferente personagem da noite carioca, todos sustentados por linhas e representados como marionetes. As gravuras apresentam prostitutas, músicos, varredores de rua e até animais, como o gato e a coruja. “A impressão original [que foi publicada] é apenas em duas cores: preto e um tom de bege. Esta economia cromática e a maneira como o traço se desenvolve, mais simples e direto, sem as características da art nouveau (que é a exploração de traços baseados na natureza), configuram o início da fase modernista (do artista)”, explicou Tapia.
A Casa Guilherme de Almeida funciona na antiga residência do poeta e abriga um importante acervo de arte, contando com diversas telas, desenhos e gravuras de Di Cavalcanti. Coube ao artista, por exemplo, a criação da capa e ilustrações do livro de poemas A Dança das Horas, publicado por Guilherme de Almeida, em 1919. “[Este livro] ainda mostra a relação dele (Di Cavalcanti) com a art nouveau, estilo anterior a este que seria o do Fantoches da Meia-Noite, que inicia a fase modernista do artista”, explicou Tapia.
"Aqui é uma casa que vive o espírito modernista. Então, expor essa obra de Di Cavalcanti à qual pouca gente teve acesso - já que é extremamente rara - é uma oportunidade não só de apreciar o belo trabalho de Di Cavalcanti, como também de ver este trabalho inserido no contexto de um outro modernista importante que foi Guilherme de Almeida", disse o diretor do museu.
A exposição, com entrada gratuita, fica em cartaz até o dia 15 de julho. Mais informações sobre a exposição podem ser consultadas no site www.casaguilhermedealmeida.org.br .
Edição: Fernando Fraga
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil