Campanha do Milênio da ONU começa a discutir no Brasil metas para depois de 2015

02/04/2013 - 20h52

Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Educação de qualidade, governo honesto e atuante, melhoria nos serviços de saúde e proteção às florestas, rios e oceanos. Essas são as principais necessidades dos jovens brasileiros, segundo o resultado parcial da votação My World 2015, aberta há duas semanas pela Organização das Nações Unidas.

A votação ocorre pelo site http://www.myworld2015.org e, em alguns países, em pesquisas em papel e também por meio de mensagem de texto do telefone celular. Qualquer pessoa pode, e deve participar. São colocados 16 itens: a pessoa deve escolher os seis que considera mais importantes.

A diretora da Campanha do Milênio das Nações Unidas, Corinne Woods, visitou hoje (2) o Morro do Borel, na Tijuca, onde se encontrou com jovens comunicadores do programa Plataforma do Futuro, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), para divulgar a iniciativa e conversar sobre o que eles querem para o futuro. Participaram jovens de várias regiões da cidade e lideranças comunitárias.

Corinne explica que os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), lançados no ano 2000, foram “escritos por pessoas em uma sala e apresentados ao mundo”. Agora, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que todos fossem ouvidos para dizer o que querem para o futuro.

“Todos os países do mundo, qualquer país do mundo tem cidadãos com coisas importantes a dizer. Queremos ouvir todos os cidadãos, em particular os jovens e os jovens que vivem em locais de pobreza. Criamos esse questionário muito simples com as perguntas para as pessoas discutirem sobre o que as preocupa”.

O coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes do Unicef-Brasília, Mário Volpi, explica que o objetivo da iniciativa é descobrir as prioridades que fazem sentido para as pessoas.

“Às vezes, os governos tem suas análises, seus recursos, acham que as obras vão resolver tudo, ou só a educação resolve tudo. E com essa discussão, vamos perceber o que falta para as comunidades, para as pessoas que têm mais necessidade, para quem tem menos voz na sociedade, e, dessa forma, ampliar esse repertório de propostas e de soluções para um mundo melhor”.

Para o estudante Gustavo Henrique Soares Dantas, de 19 anos, morador de Guaratiba, na zona oeste do Rio, a iniciativa de ouvir os jovens é importante. “Acho super importante ter a voz dos jovens daqui, das comunidades do Rio de Janeiro, ouvidas. É um peso enorme que a gente traz para uma pesquisa como essa. Vamos ver no que vai dar”.

A estudante Bianca Caroline de Oliveira Tavares, de 15 anos, moradora de Bangu, diz que os jovens devem participar para mostrar o que querem. “É importante tentar melhorar. Porque se nós, adolescentes, jovens, não tentarmos ajudar a cidade e buscar levar a nossa cabeça, nossas ideias, os outros não vão mover nem ajudar a gente. Então eu acho que é legal se inteirar, se incluir, para depois, lá na frente, poderem entender a gente melhor”.

Entre adultos e jovens, uma prioridade aparece absoluta: a educação. Para a agente comunitária de saúde Renata Jardim, moradora do Borel, na Tijuca, zona norte, a educação é a base para se conseguir todas as outras conquistas. “Quando se tem educação, quando você tem acesso, porque a educação acaba te possibilitando acesso, e quando você tem acesso as demais coisas se acrescentam, porque você reconhece direitos, você reconhece deveres: então você acaba tendo consciência das demais coisas dentro do processo. Educação para mim é o mais importante”.

Corinne Woods fica no Brasil até sexta-feira (5), para conversar com membros do Governo e ouvir grupos específicos da sociedade civil. Amanhã (3), o encontro será durante o Seminário Internacional Brasil-EUA sobre o Empoderamento de Meninas, com a participação das ministras da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci.

Na quinta-feira, Corinne vai a Brasília, onde participa de audiência com adolescentes na Comissão de Direitos Humanos do Senado e, na sexta-feira, serão ouvidas comunidades indígenas em Dourados (MS). Em setembro, os primeiros resultados da pesquisa serão apresentadas na Assembleia Geral das Nações Unidas. A votação My World vai até 2015, quando as informação serão reunidas e levadas à ONU, para serem definidas novos objetivos para o milênio.

Edição: José Romildo
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