Casa Daros eleva status cultural do Rio

23/03/2013 - 16h53

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A capital fluminense ganhou hoje, sábado (23), mais um aporte cultural de peso com a inauguração da Casa Daros, no bairro de Botafogo, na zona sul. O espaço chega em um período de pujança cultural para a cidade, com a inauguração do Museu de Arte do Rio, na zona portuária, há duas semanas, e outros espaços importantes previstos para abrirem nos próximos anos, como o Museu do Amanhã, também na zona portuária, e o novo Museu da Imagem e do Som (Mis), em Copacabana, zona sul.

Entretanto, de acordo com curador da Casa Daros Rio, Eugenio Valdés Figueroa, o espaço promete ser muito mais que apenas um local para exposições: a proposta é divulgar e fortalecer a arte contemporânea latino-americana, tendo a educação como espinha dorsal do projeto.

“Queremos criar um espaço para divulgar as vozes dos artistas que vão alimentar o trabalho de educação. Também vamos dar muita ênfase aos professores, que podem ser multiplicadores. O nome Casa é justamente porque queremos que aqui seja um lugar que possibilite que a América latina dialogue com o mundo e consigo mesma”.

Estão previstos oficinas, cursos, seminários, publicações e outras atividades paralelamente às exposições, com a estreita colaboração dos artistas das exposições que vão participar de palestras e oficinas, entre outras atividades.

Dentro da programação grande de arte e educação há o programa Arte é Educação, que consiste em encontros para professores de escolas e para alunos de escolas, sobretudo, públicas, e também para as famílias no fim de semana.

A curadora pedagógica Bia Jabor informou que o projeto prevê ainda bolsas a artistas residentes e um programa de escola residente para realizar educação experimental envolvendo artistas e pedagogos. “Vai ser uma escola que vai junto com a gente pesquisar novos processos e formas de se trabalhar com educação e arte”, contou.

Tombado pelo município em 1987, o imponente edifício de estilo neoclássico, de 1866, ocupa mais de 12 mil metros quadrados. Além do imenso espaço reservado para as exposições, há uma biblioteca, com agendamento prévio, que já conta com mais de cinco mil títulos, auditório com capacidade para 100 pessoas, restaurante, cafeteria e loja. O imóvel foi comprado em 2006: custou R$ 17 milhões.

A obra de restauro, mais R$ 67 milhões, iniciada há seis anos, ainda não terminou. As volumosas cifras foram inteiramente patrocinadas pela empresa Daros Latinamerica, da colecionadora suíça Ruth Schmidheiny. Sua coleção com curadoria de Hans-Michael Herzog é uma das maiores do mundo em arte contemporânea latino-americana, com mais de 1.200 obras de mais de 100 artistas desde os anos de 1960. Segundo a diretora-geral da Casa Daros, Isabela Rosado Nunes, a Daros Latinamérica tem condições de bancar por conta própria todo o projeto, mas a Casa está aberta para possíveis parcerias e futuras leis de incentivo.

A exposição inaugural Cantos Cuentos Colombianos conta com seleção de obras de 10 artistas da Colômbia e vai até 8 de setembro. Para a artista colombiana María Fernanda Cardoso, que tem duas obras suas expostas na exposição de abertura da casa, o novo espaço será um centro de gravidade cultural.

“Esta é a primeira vez que haverá um verdadeiro intercâmbio entre a cultura do Brasil com o restante da América Latina. Será um ponto de encontro. Além disso, serão obras de grande qualidade que geralmente são apresentadas ao Norte e agora serão apresentada ao Sul [do globo terrestre]”.

A exposição vai até o dia 18 de setembro. Até o dia 14 de abril, a entrada é gratuita. Depois o ingresso custará R$ 12, sendo que para idosos e estudantes, R$ 6. Crianças menores de 12 anos não pagam. O endereço da Casa Daros é: General Severiano 159, Botafogo. A cada ano, serão exibidas duas exposições diferentes no local. No fim do ano, será inaugurada a exposição do artista argentino Julio Le Parc, com sua arte cinética.

O público também vai poder conhecer os bastidores das atividades e dos preparativos no espaço nos últimos seis anos com a exposição Para Saber Escutar, que inclui a obra do artista plástico brasileiro Vik Muniz Nossa Senhora das Graças, com fotografia e vídeo do processo da instalação feita com escombros da obra de restauro.

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Edição: José Romildo

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