Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A empresa municipal responsável pela produção audiovisual (RioFilme) lançou hoje (21) uma linha de financiamento com valor inicial de R$ 10 milhões destinada a conteúdos nacionais para veiculação em TV por assinatura. É a primeira vez que a empresa da prefeitura do Rio promove uma ação não vinculada ao cinema.
De acordo com o diretor-presidente da RioFilme, Sérgio Sá Leitão, o programa está relacionado à Lei nº 12.485, chamada Lei da TV Paga, que instituiu cotas semanais mínimas de três horas e meia, em horário nobre, para a veiculação de conteúdos produzidos no Brasil. A regra está em vigor desde setembro de 2012 e define também que metade desse conteúdo seja feita por produtoras independentes, além de obrigar a criação de canais de conteúdo majoritariamente nacional.
Leitão explica que a linha de investimento é do tipo reembolsável automática, na qual a RioFilme se associa ao agente que recebe o recurso e faz jus a uma participação nas receitas do projeto investido. “Esses projetos são selecionados por critérios econômicos, relacionados à performance ou ao desempenho da produtora ou distribuidora. A linha é de fluxo contínuo, nós vamos entrar com R$ 1 para cada R$ 1 que um canal de TV paga colocar em um projeto de série de TV de uma produtora do Rio de Janeiro.” Há um limite de R$ 1 milhão por projeto e as inscrições começam em 25 de março.
O programa foi lançado durante o Rio Content Market, um dos principais eventos de conteúdo multiplataforma da América Latina. Leitão também apresentou um balanço dos resultados da RioFilme de 2009 a 2012 e o plano completo de investimento de 2013.
“Esse plano prevê investimento total de R$ 48,3 milhões, sendo R$ 32,8 [milhões] de recursos próprios da RioFilme, R$ 1,5 [milhão] do Canal Brasil, que vai coinvestir com a gente em documentário para TV, e R$ 14 [milhões] do Funcine Rio 1, que é um fundo de investimento que a gente coordena e tem recursos do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], da InvestRio, da Firjan [Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro] e da própria RioFilme."
Outra linha de investimento é para produção de filmes de longa-metragem, também com R$ 10 milhões. “Eles são alocados de acordo com o desempenho dos filmes dessas produtoras e distribuidoras no mercado de cinema em 2011 e 2012˜, explicou Leitão.
Foi lançado ainda o programa de editais da RioFilme, com inscrições de projetos a partir de 11 de março. “São investimentos não reembolsáveis em cinema e TV via editais, que têm R$ 11,5 milhões em sete linhas. Nesse caso, a RioFilme não faz jus a uma participação nas receitas e os projetos são selecionados por critérios culturais e sociais.”
Segundo Leitão, os valores investidos devem subir, já que, ao longo do ano, a empresa recebe recursos de receitas que são 100% reinvestidos nos projetos. No ano passado, a RioFilme investiu um total de R$ 50 milhões.
Outro projeto anunciado é um programa de capacitação profissional, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com investimento de R$ 1,1 milhão para 1,1 mil vagas em 50 cursos da área de audiovisual. Na primeira edição do programa, em 2012, foram 350 vagas. “O objetivo é capacitar mão de obra técnica para a indústria audiovisual, visando não só à expansão do mercado de cinema e TV, mas também às Olimpíadas e à Copa do Mundo, porque esses eventos vão gerar uma demanda por profissionais dessa área muito grande.”
De acordo com Leitão, a estimativa é que, com a vigência plena das cotas na TV paga, a demanda por conteúdos nacionais cresça dez vezes, saltando de 200 horas de programação nacional para pelo menos 2 mil horas nesse processo de vigência das cotas. “Isso vai representar um aumento exponencial em produção independente para TV paga. Vai saltar de R$ 120 milhões em 2012 para R$ 1,7 bilhão em 2016. É realmente muito significativo. E o nosso objetivo com essa linha é tentar fazer com que boa parte desse conteúdo seja feita no Rio de Janeiro, por empresas cariocas, para que a gente possa gerar emprego e renda aqui no Rio.”
Edição: Juliana Andrade
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