Paulo Virgilio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, foi o vencedor na categoria Televisão da edição 2012 do Prêmio Abdias Nascimento, que premia coberturas jornalísticas de temas relacionados à população negra do país. Negro no Brasil – Brilho e Invisibilidade, a reportagem de Luciana Barreto e equipe, contemplada com o prêmio no valor de R$ 5 mil, mostrou como é preciso superar as desigualdades de renda e de acesso à educação que mantêm a maior parte da população negra na pobreza e que a tornam vítima da violência e do preconceito.
A cerimônia de entrega dos prêmios ocorreu na noite de ontem (12) no Teatro Oi Casa Grande, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. Receberam o Abdias Nascimento oito trabalhos, de vários estados, nas categorias categorias Mídia Impressa, Televisão, Rádio, Internet, Mídia Alternativa ou Comunitária, Fotografia, prêmio especial de gênero e menção honrosa.
“A ideia era fazer um programa a partir dos indicadores do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] sobre o negro”, disse Luciana Barreto. “Ao compilar os dados, percebemos que a realidade era muito dura para a população negra. Chegamos à conclusão que seria preciso humanizar, porque senão seria um programa de fazer as pessoas chorarem em casa”, explicou a apresentadora do programa, que tem na produção Vivian Carneiro. A solução encontrada pela equipe foi a de contrapor casos de sucesso à triste realidade social em que ainda vive o negro no Brasil.
Outro episódio do programa Caminhos da Reportagem da TV Brasil ficou entre os indicados na categoria Televisão. Quilombos – Luta e Resistência, com reportagem de Big Richard, visitou comunidades rurais e urbanas da Bahia, do Maranhão e Rio Grande do Sul, para apresentar o resultado do isolamento geográfico e cultural dessas populações.
Ao todo, foram quatro as indicações recebidas pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para a fase final do prêmio. Na categoria Rádio, o especial 2011 Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, contou a história da escravidão a partir da chegada dos africanos à cidade. Já a Radioagência Nacional concorreu na categoria Internet com o especial Discriminação do Negro no Mercado de Trabalho, do repórter Eduardo Mamcasz, da Rádio Nacional da Amazônia.
Na Mídia Impressa, a reportagem vencedora foi Desigualdade em Trabalhos Iguais, de Antonio Gois e Alessandra Duarte, do jornal O Globo. Nestor Tipa Junior, da Rádio Gaúcha, de Porto Alegre (RS) venceu na categoria Rádio, com a reportagem Quilombos Urbanos. O trabalho premiado na categoria Internet foi UNB já Formou Mais de 1 Mil Universitários pelas Cotas, de Priscila Borges, do portal IG-DF.
A série Negros no Ceará: Redenção?, da Agência Adital (CE) venceu o troféu da categoria Mídia Alternativa ou Comunitária, enquanto o de Fotografia ficou para Nilton Fukuda, pelo trabalho Excluídos pelo Crack, veiculado no jornal O Estado de S. Paulo. O prêmio especial de gênero foi concedido à matéria Negra É Minha Cor, de Ed Wanderley, do Diário de Pernambuco. Os jornalistas Miriam Leitão e Cláudio Renato, da Globo News, receberam menção honrosa pela reportagem A Arqueologia da Escravidão – Cemitério dos Pretos Novos e Cais do Valongo.
Criado em homenagem ao ativista histórico dos direitos do negro, jornalista, ator e ex-senador Abdias do Nascimento, o prêmio foi lançado em 2011, no mesmo ano em que seu inspirador morreu, aos 97 anos. O Prêmio Abdias Nascimento é uma iniciativa da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio), do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro.
Edição: Aécio Amado