Governo do Rio minimiza manifestação contrária à privatização do Maracanã

08/11/2012 - 23h01

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O secretário da Casa Civil do Rio de Janeiro, Regis Fichtner, deu por concluída, na noite de hoje (8), a audiência pública de concessão do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, minimizando a manifestação promovida pela  maioria das pessoas presentes no Espaço da Cidadania, na zona portuária do Rio de Janeiro.

“É claro que a audiência valeu. O que houve foi que algumas pessoas, uma minoria, veio aqui com o propósito de não deixar a audiência pública ocorrer. Mas ela [a audiência] é uma manifestação da democracia na Lei de Licitações – tem que ser realizada. E essas pessoas tentaram fazer com que ela não ocorresse, mas nós persistimos e ela ocorreu”.

Os protestos, que duraram cerca de 2 horas e 30 minutos, foram realizados pela quase totalidade dos presentes, o que levou a que alguns deputados estaduais - como Luiz Paulo Corrêa da Rocha, Clarissa Garotinho e Paulo Ramos – solicitassem o cancelamento da audiência.

Além de políticos, estiveram presentes à audiência professores, estudantes e representantes de organizações não governamentais, muitos dos quais gritaram palavras de ordem, inclusive com pedidos de seu cancelamento.

Diante da insistência do secretário em levar a audiência adiante, os manifestantes começaram a jogar todo tipo de objetos na mesa - ovo, casca de banana e até fezes – o que fez com que os seguranças protegessem com os próprios corpos e com um guarda-chuva o secretário.

Os deputados presentes que também se posicionaram contra o modelo de concessão proposto pelo governo fluminense manifestaram a intenção de ingressar com uma representação no Ministério Público pedindo a nulidade da audiência, com a justificativa de que a população se posicionou contra a sua realização.

Pelo modelo de concessão proposto pelo governo do Rio, o estádio será administrado pela iniciativa privada por 35 anos. O modelo, no entanto, apresenta vários pontos polêmicos e ainda não esclarecidos pelo governo estadual.

Os manifestantes protestam também contra a decisão do estado de demolir o Complexo Esportivo do Maracanã (que inclui o Parque Aquático Júlio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros) e a Escola Municipal Friedenreich, que foi a quarta colocada no estado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e a décima no país.

Para Fichtner embora “algumas” pessoas tentassem fazer com que a audiência não ocorresse, o governo decidiu levá-la adiante porque a interrompê seria “um atentado à democracia. Os que ficaram aqui puderam receber todos os esclarecimentos e o estado recebeu a todas as questões”. 

O secretário da Casa Civil disse que o estado manterá todas as decisões já anunciadas, inclusive a derrubada da escola, que segundo ele será reconstruída em outro local. “Não faz sentido ter uma escola municipal dentro de uma complexo esportivo. Um espaço de shows e de espetáculos, o que não é adequado para uma escola”. 

Edição: Fábio Massalli