Graça Foster diz em seminário ter tatuagem, gostar de rock e que nunca sofreu constrangimento por ser presidenta da Petrobras

30/10/2012 - 18h22

Isabela Vieira

Repórter da Agência Brasil

 

Rio de Janeiro - Acordar no meio da madrugada para fazer anotações e ir ao estádio de futebol sozinha são alguns dos hábitos da presidenta da Petrobras, Graça Foster, revelados hoje (30) ao falar sobre o perfil de mulheres em altos cargos durante o seminário Mulheres Reais que Transformam, no Rio.

Torcedora do Botafogo, ela também falou sobre a infância modesta, no Complexo do Alemão, na Penha, zona norte da capital fluminense, de suas preferências musicais, de Beatles e Janis Joplin, que gosta de ouvir quando consegue almoçar sozinha. “Adoro rock”, disse, além de assumir ter tatuagens “até em locais que a roupa não mostra”.

Uma das 20 mulheres mais poderosas do mundo, segundo a revista norte-americana Forbes, Graça declarou ainda que nunca sofreu constrangimento por ser a primeira mulher presidenta de uma das mais importantes empresas do planeta. “Talvez, por ter passado por todos os níveis, entrei muitas vezes na sala da presidência como diretora, como gerente. Hoje, quando sento na minha cadeira, vejo que o poder vem carregado de dever”, disse.

Do alto do seu 1,79 metro, ela se definiu como uma pessoa segura e avaliou que o desafio da presidência, para homens ou mulheres, chama-se responsabilidade. “O poder vem quando é esperado que você dê o primeiro passo”.

Engenheira pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e economista, Graça, que começou na Petrobras como estagiária, aos 21 anos de idade, e era mãe de uma menina de 2 anos, disse que chora nos momentos íntimos, como qualquer pessoa, mas também xinga e dá broncas, quando necessário. “É amor, carinho e cobrança”, ressaltou. “Sou extremamente disciplinada. Trabalho e estudo muito até mesmo para uma conversa simples. Então, eu cobro, embora nem sempre seja nesse tom ”, completou.

A liberiana Leymah Gbowee, Prêmio Nobel da Paz, em 2011, também falou durante o seminário. A ativista africana defendeu a necessidade de as sociedades enfrentarem estereótipos e sugeriu que mulheres bem sucedidas “ajudem umas as outras”. “Se você ocupou seu espaço, veja como pode ajudar outras mulheres a plantar seus pés firmes nesta terra e a exercer seu potencial”.

Em uma declaração contra o racismo, Leymah ressaltou que a cor de pele não pode ser motivo de discórdia e de violência. A ativista, de 40 anos, organizou, em 2002, protestos pacíficos para acabar com os conflitos na Libéria. Em um desses movimentos, ela levou as liberianas de todas as confissões religiosas a negar sexo aos homens até que cessassem os combates.

Organizado pela jornalista Ana Paula Padrão, o evento realizado hoje, no Rio, reuniu cerca de 500 participantes e discutiu o papel das mulheres na sociedade e direitos humanos.

 

Edição: Aécio Amado