Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Parceira da Casa de Parto David Capistrano Filho, unidade vinculada à rede municipal de saúde e que fica em Realengo, a Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) defende o parto humanizado, com o menor número de intervenções cirúrgicas possível.
De acordo com a professora do Departamento de Enfermagem Materno Infantil, Maysa Luduvice, casas de parto de base comunitária como a David Capistrano podem funcionar sem um médico, porque atendem apenas a gestantes de baixo risco, que nunca passaram por cesáreas ou têm doenças graves. Os casos mais complicados são encaminhados para outras unidades de saúde.
Segundo a especialista, que coordena estágios de especialização de enfermeiros obstetras no local, é necessário um número mínimo de consultas para acompanhar a evolução da gravidez, identificar riscos e evitar complicações na hora de dar à luz. O acompanhamento também visa a orientar as gestantes sobre os tipos de parto e cuidados com bebê, além de derrubar mitos quanto à dor e modificações do corpo.
De acordo com a professora, que participou do movimento de saúde pública em favor da instalação da casa, a unidade cumpre rigorosamente uma série de protocolos de atendimento para evitar riscos às mães e aos bebês. Entre as medidas para humanizar o parto está reduzir o uso de hormônios que aceleram o processo, como a ocitocina. A anestesia local só é utilizada quando o corte no períneo é extremamente necessário.
Defensora do parto natural, a presidenta da Associação Nacional de Doulas (acompanhante treinada para oferecer à gestante suporte físico e psicológico durante o parto), Maria de Lourdes Teixeira, conhecida como Fadynha, avalia que essas casas estão preparadas para um parto “fisiológico”, sem “intervenções invasivas”. Segundo o Ministério da Saúde, na comparação com a cesariana, o parto normal oferece menos riscos de hemorragia para mãe e diminui as chances de o bebê nascer prematuro.
“As casas de parto têm outro perfil. Evitam o uso de soro e de hormônio sintético para acelerar o parto, não fazem rompimento da bolsa desnecessariamente, a manobra de Kristeller - que é espremer a barriga como uma pasta de dente - , todos procedimentos que são uma agressão e causam muita dor às mulheres e a seus parentes”, diz ao criticar partos induzidos em hospitais.
Embora reconheça o esforço das políticas públicas de humanização das maternidades, Maysa acrescenta que a principal vantagem das casas de parto é o maior cuidado com as gestantes.
“O hospital recebe todas as intercorrências da gestação. Acaba que, não por descaso, mas por uma mistura de cuidados na mesma unidade, a tendência é olhar com menos atenção para aquela parturiente que não tem risco, em um momento em que a subjetividade do atendimento faz a diferença”, avalia Maysa, citando casos de mulheres que reclamaram de ficar sozinhas na hora de dar à luz.
Edição: Juliana Andrade e Lílian Beraldo
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