Leréia confirma na CPMI amizade com Cachoeira e defende legalização de jogos

09/10/2012 - 21h35

Ivan Richard e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) reafirmou hoje (9) ser amigo do empresário de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeria, preso desde fevereiro, e defendeu a legalização dos jogos no Brasil.

Depondo na condição de convidado, Leréia admitiu ter recebido um aparelho telefônico da Nextel, dado por Cachoeira e colocou seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à disposição da CPMI. “Não é novidade que dele sou amigo. Não tinha nenhuma reunião com Carlinhos no porão. A gente se encontrava em restaurantes, na minha casa, na dele. Conheço o Carlinhos desde a década de 1980”, disse o deputado. “Em Goiás, o Cachoeira tem relação com todos os partidos, inclusive com o PT, completou.

Leréia, que foi flagrado em escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal em conversa com Cachoeira, disse que todas as ligações interceptadas foram de aparelhos registrados em seu nome. O deputado declarou ainda que se reuniu com o bicheiro diversas vezes na sede da Construtora Delta, em Goiás, mas que Cachoeira nunca pediu nada relacionado à empreiteira.

“Encontrava com ele [Cachoeira] na casa dele, na minha casa, no escritório da Delta. Ele atendia lá depois que separou [da mulher]. Conversei com ele duas vezes lá. Não achei estranho. Carlinhos é um cara bem relacionado em Goiânia. Empresário respeitado. Nunca me pediu nada sobre negócios de Delta”, disse.

Durante o depoimento, o deputado defendeu a legalização dos jogos no Brasil como forma de disciplinar e fiscalizar a sua prática no país. Segundo ele, hoje muitos brasileiros vão para países da América do Sul e para os Estados Unidos a fim de jogar em cassinos. O Brasil poderia arrecadar muito com a legalização, ressaltou.

“Sou daqueles [que defendem] a legalidade [dos jogos]. Na verdade, o jogo existe no Brasil. Não é permitido que a iniciativa privada explore, mas ele existe. Diria que ele é mais rentável no Brasil, do que na Argentina, no Uruguai. Ou a gente não faz esse faz de conta, ou legaliza. O país não está recebendo os recursos. Se você tiver legalização, essa turma do jogo sai da atividade”, disse.

“Portugal tem, Espanha e Itália têm. O governo que está atrás de parceiros para fazer aeroportos, quem sabe pode conseguir dinheiro [legalizando o jogo]. Poderíamos tirar dinheiro para investir em áreas importantes da sociedade”, acrescentou Leréia.

Para o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), a relação de Leréia e Cachoeira é “comprometedora”. “É uma relação de amizade, patrimonial. São vínculos comprometedores. É uma relação muito semelhantes a do ex-senador Demóstenes com Cachoeira”, comparou Odair. O relator não adiantou se pedirá o indiciamento de Leréia em seu relatório.

 

Edição: Aécio Amado