Resultados negativos do PIB industrial têm relação com baixo investimento, diz professor da FGV

31/08/2012 - 17h45

Guilherme Jeronymo
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O recuo da indústria no segundo trimestre pode ser resultado da baixa taxa de investimento, que é ligada a uma cultura "rentista" do empresariado, avaliou hoje (31) o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Rogério Sobreira.

A queda da atividade industrial, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou em 2,5%, na comparação com o segundo trimestre de 2011. Diante do primeiro trimestre deste ano, a indústria de transformação teve queda de 2,5%, a extrativa mineral, de 2,3% e a da construção civil, 0,7%. A única área com variação positiva, 1,6%, foi a de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana.

“Quebrar essa natureza 'rentista' é necessário. Até mesmo uma baixa capacidade de endividamento preocupa menos do que a baixa disposição para investir, por parte do empresário. Uma vez que [o governo] segue a cartilha de medidas e sinaliza que você tem uma perspectiva melhor de crescimento, o outro lado tem de fazer a sua parte. E não se trata tanto de uma incapacidade, mas mais de uma indisposição”, disse Sobreira.

Mas, segundo o gerente de Desenvolvimento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Guilherme Mercês, o baixo crescimento não surpreendeu o setor. O desempenho era esperado, refletindo os resultados de queda na produção industrial dos últimos meses, assim como a baixa confiança demonstrada pelos empresários – fenômeno percebido pela redução no ritmo de contratações.

“O que tem sustentado o PIB é o consumo da administração pública e das famílias, mas a indústria tem sentido a baixa competitividade em relação aos produtos estrangeiros, com o aumento das importações. Não tem tido estímulos [à produção] para atender a estes estímulos ao consumo, que é a política adotada pelo governo”, explicou Guilherme Mercês.

De acordo com ele, a indústria precisa de uma agenda de reformas estruturais, focada na infraestrutura. “Têm de ser pensados novos estímulos à produção, para permitir cenários de crescimento sem inflação em 2013”, observou.

As perspectivas do setor para o segundo semestre são de recuperação gradual, em grande parte em decorrência do efeito das quedas na taxa básica de juros, a Selic – cuja redução atua de maneira defasada na economia.

Edição: Lana Cristina