Monica Yanakiew
Correspondente da EBC na Argentina
Buenos Aires – O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, anunciou que vai enfrentar o processo de impeachment, decidido na manhã de hoje (21) pelos deputados paraguaios.
“Ele tem até o final da tarde de amanhã (22) para se defender das acusações, mas como a palavra final é do Senado, onde a grande maioria é da oposição, é quase certo que ele será condenado antes mesmo de ser julgado”, disse em entrevista à Agência Brasil, Anibal Carillo, secretário político do Guasu, partido de Lugo. “Ainda assim, Lugo não vai renunciar porque sabe que tem o apoio de milhares de eleitores paraguaios”, completou.
O presidente está sendo responsabilizado pela morte de 17 pessoas, em um confronto entre policiais e camponeses armados no interior do Paraguai, ocorrido no último dia 15 de junho.
O Senado se reuniu esta tarde para decidir que procedimento adotar. “Os senadores formalizarão as acusações e notificarão o presidente, que terá até o final de amanhã para apresentar sua defesa”, declarou Carillo. Assim que soube que a Câmara aprovaria o impeachment, Lugo anunciou a sua decisão de permanecer no cargo e “honrar o juramento feito no dia 15 de agosto de 2008”, data de sua posse, completou.
O ex-bispo da Igreja Católica foi eleito com a promessa de defender os mais pobres – especialmente os camponeses. O governo tem evitado usar a força para obrigar os sem-terra a sair das fazendas ocupadas – entre elas, as de plantações de soja dos brasiguaios, como são chamados os colonos brasileiros no Paraguai.
Mas, no ultimo dia 15 de junho, uma força policial foi enviada a Curuguaty para retirar um grupo de sem-terra de uma área ocupada. A ação acabou em conflito que resultou na morte de policiais e camponeses. O confronto provocou uma crise no gabinete de Lugo e agora no processo de impeachment do presidente.
Esta é a segunda vez que o Congresso paraguaio abre processo de impeachment de um presidente. Em 1999, o alvo foi Raul Cubas Grau. Ele preferiu renunciar à Presidência a ter que enfrentar o processo, e se exilou no Brasil.
Edição: Aécio Amado
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