Alex Rodrigues e Carolina Pimentel
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Ao menos cinco ministros paraguaios já renunciaram aos cargos após a Câmara dos Deputados ter aprovado, hoje (21), por 76 votos a 1, o pedido de impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Segundo a imprensa paraguaia, todos são filiados ao Partido Liberal, que se somou aos parlamentares favoráveis à abertura do processo político contra o presidente.
Os cinco ministros que já confirmaram o pedido de demissão são ligados ao vice-presidente Frederico Franco, também do Partido Liberal, que assumirá a Presidência caso o impeachment seja confirmado. Os deputados responsabilizam o presidente Lugo pelos conflitos em uma fazenda no Nordeste do país que matou 17 pessoas, entre camponeses e policiais.
O Senado paraguaio convocou uma sessão extraordinária, que acontece neste momento, para confirmar ou não a decisão dos deputados de abrir o processo de impeachment. A União das Nações Sul-Americanas (Unasul) também convocou uma reunião de emergência para discutir o assunto, prevista para ainda hoje (21) à noite, para tomar conhecimento da crise.
Segundo a imprensa paraguaia, o ministro da Agricultura, Enzo Cardozo, disse deixar o cargo em conformidade à decisão de seu partido. Ainda de acordo com a agência de notícias públicas paraguaia, a IP Paraguay, fontes do Ministério da Indústria e Comércio confirmaram que o ministro Francisco Rivas também renunciou ao cargo, embora nenhum comunicado oficial tenha sido divulgado até o momento.
Os outros três ministros que renunciaram, segundo a imprensa paraguaia, são Humberto Blasco (Justiça e Trabalho), Victor Rios (Educação e Cultura) e Paulo Reichardt, da Secretaria Nacional de Esportes.
Mais cedo, o comando das Forças Armadas desmentiu os boatos sobre um possível levante militar ante a decisão da Câmara dos Deputados. Segundo a IP Paraguay, o comando assegurou que as forças estão atuando conforme a lei determina, respeitando o ordenamento constitucional e democrático em vigor.
Lugo já constituiu sua equipe de defesa, formada por alguns de seus principais assessores e encabeçada pelo interventor do Instituto de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert), Emilio Camacho, que garantiu que o presidente promete respeitar a Constituição.
Há pouco, Camacho afirmou à imprensa local que, uma vez que a decisão política de aprovar o pedido de impeachment de Lugo já foi tomada, tudo o que o presidente pede é que lhe dêem o direito de se defender das acusações feitas por seus opositores.
O Ministério da Educação paraguaio informou que as escolas permanecem abertas para as aulas. Apesar de alegar “que não há motivos que ameacem a tranquilidade e rotina nos colégios”, o ministério deixou a critério dos pais a decisão para que as crianças e jovens continuem a frequentar as classes “diante de uma inquietude generalizada na capital”.
Jornais paraguaios estão noticiando que comerciantes estão fechando as portas em Assunção com medo de protestos na rua.
Edição: Davi Oliveira
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