Exposições artísticas na Rio+20 despertam interesse sobre o meio ambiente e ações sustentáveis

12/06/2012 - 19h44

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) começa amanhã (13) e a mobilização pela defesa do meio ambiente já contagia a cidade. Duas exposições inauguradas hoje (12) em um dos principais espaços do evento, o Museu de Arte Moderna (MAM), despertam o interesse sobre ecologia e ações sustentáveis, fazendo que tanto visitantes quanto trabalhadores revejam hábitos.

É o caso do espaço O Futuro Que Nós Queremos, organizado pelo Centro de Informações das Nações Unidas para o Brasil (Unic-Rio), sobre os sete temas da conferência, e também da gigantesca videoinstalação Brasil Cerrado, do artista Siron Franco – que tem apoio do governo federal e da iniciativa privada. Ambas estarão abertas ao público até o dia 23 de junho, das 7h às 23h.

Com o objetivo de apresentar o bioma Cerrrado com "seus sons, cheiros e cores", a exposição de Siron é cheia de surpresas. Para o bombeiro militar Sidney Amaral, de 47 anos, um dos primeiros a contemplar a exposição de Siron, uma dessas surpresas foi a reconstituição de um incêndio na mata, que destrói a exuberância de árvores e animais. "A coisa das queimadas avançando e das aves fugindo é emocionante", revelou.

Para o vigilante Márcio da Silva, 37 anos, o mais interessante da mostra de Siron é perceber como o Cerrado é diferente da Mata Atlântica, bioma com o qual está mais familiarizado, por ter nascido no Rio. Responsável pela segurança de outra exposição, ainda em montagem, ele não perde a chance de aprender sobre o meio ambiente enquanto trabalha no MAM.

"Sei tudo de Caatinga, de Cerrado, de Mata Atlântica e do povo que vive lá. Índio, quilombolas, seringueiros. Eles precisam preservar a mata para viver", contou Márcio. "Já li todos esses painéis aqui várias vezes, conheço coisas que nunca vi, tipo frutas exóticas e até a castanha do pará, que sei agora de onde vem. Eles vão vender aqui, você precisa voltar."

Nascido em Goiás Velho (GO) e admirador dos "cupinzeiros luminosos" (quando os vaga-lumes entram e saem), o artista Siron Franco explica que a exposição é uma forma de defender o Cerrado da destruição. "Temos todas as razões para salvar o Cerrado, nem que seja um metro quadrado de terra", declarou, em frente à estrutura que mostra a mata sendo substituída por pasto.

Já no espaço O Futuro que Nós Queremos, que leva o mesmo nome do documento final da Rio+20, a ideia é mostrar que a sustentabilidade depende também de ações individuais com foco na coletividade. "O planeta é só um, os recursos são finitos. Não existe algo como 'eu posso gastar à vontade porque tenho dinheiro'", disse Gianacarlo Summa, diretor do Unic-Rio.

O marceneiro Juliano dos Santos, 24 anos, que também trabalha em um estande no MAM, concorda com o princípio de limitação dos recursos naturais. Curioso para saber o que fazem juntos personalidades como o jogador de futebol Ronaldo Fenômeno, o arquiteto Oscar Niemeyer, o rapper MV Bill, ele lê de longe mensagens em pôsteres em tamanho real. Todas querem dizer "Eu Sou Nós", mote da campanha.

"A gente tem que fazer alguma coisa. Na minha casa, só tem lâmpada econômica. A gente está querendo separar o lixo e economizar luz. Vamos ver", disse Juliano, antes de se dirigir para um dos puffs ecológicos de cipó, para um "descanso sustentável", conforme ele próprio classificou em tom de brincadeira.

Com propaganda na televisão aberta, jornais, revistas e divulgação de vídeos na internet, a campanha internacional promovida no Brasil pela Unic-Rio permite que os visitantes customizem fotos com o slogan e façam sugestões para o uso sustentável dos recursos naturais.

Edição: Lana Cristina