Diferença entre depósitos e saques da poupança teve o melhor resultado da história para meses de maio

06/06/2012 - 21h12

Stênio Ribeiro e Kelly Oliveira
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - Os depósitos em poupança superaram os saques em R$ 6,262 bilhões em maio, segundo dados do Banco Central (BC) divulgados hoje (6). Essa foi a maior captação líquida positiva registrada pelo BC em meses de maio.

Anteriormente, o melhor resultado para o período foi registrado em 2010 (R$ 2,12 bilhões), segundo a série histórica do BC iniciada em 1995. Em maio do ano passado, a captação ficou negativa, ou seja, houve mais saques que depósitos, em R$ 1,301 bilhão.

Em todo o mês passado, os depósitos somaram R$ 105,776 bilhões e as retiradas R$ 99,514 bilhões. Somente no dia 31 de maio, quando passaram a valer as novas regras da remuneração da poupança, os clientes bancários depositaram R$ 6,576 bilhões e retiraram R$ 4,564 bilhões, o que resultou uma captação líquida de R$ 2,011 bilhões.

Em maio, os rendimentos creditados somaram R$ 2,138 bilhões e o saldo total de poupanças subiu para R$ 441,721 bilhões, dos quais R$ 347,846 bilhões (78,74%) na poupança convencional e R$ 93,875 bilhões (21,25%) na poupança rural. Resta, ainda, um resíduo de R$ 2,761 milhões da antiga poupança vinculada.

O relatório do BC se baseia em dados do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) – que destina 65% dos recursos para o financiamento imobiliário – e da poupança rural. No caso do SBPE, houve captação líquida de R$ 4,920 bilhões em maio. A poupança rural registrou R$ 1,342 bilhão.

O bom desempenho da poupança deve ser creditado à alteração no cálculo do rendimento instituída pela Medida Provisória 567, editada no dia 4 de maio. Segundo a nova regra, sempre que a Selic for igual ou menor que 8,5% ao ano, a forma de remuneração passa a ser 70% da taxa Selic mais a Taxa Referencial (TR), calculada todos os dias pelo BC.

No último dia 30, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu a taxa Selic em 0,5 ponto percentual para 8,5% ao ano. Assim, a regra de remuneração, que era TR mais 0,5% ao mês, mudou para os depósitos de poupança feitos a partir de 4 de maio. As poupanças antigas continuam com a correção anterior.

Ao definir a nova regra de remuneração, o objetivo do governo é evitar a migração de investidores dos fundos de renda fixa para a poupança, com a Selic igual ou menor que 8,5%. Esses fundos são formados por títulos públicos utilizados pelo governo na rolagem da dívida.

Com a queda da Selic, um fundo de investimento pode pagar menos que a poupança, dependendo da taxa de administração cobrada pela instituição financeira. Com isso, para que o BC tivesse mais espaço para cortar a Selic, sem reduzir a demanda por títulos públicos, foi necessário fazer mudanças na remuneração da poupança.

Pelos cálculos da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), a remuneração da poupança antiga, de 6,17% ao ano, baixou para 5,95% ao ano para novos depósitos, e após o anúncio das mudanças, os bancos passaram a emitir extratos com saldos diferenciados das cadernetas de poupança para depósitos novos e antigos.

A poupança não cobra Imposto de Renda, nem taxa de administração, diferentemente dos fundos de investimento. A Anefac assegura que, mesmo com remuneração menor que na antiga poupança, a caderneta tradicional vai continuar sendo mais interessante que os fundos de renda fixa.

Edição: Lana Cristina