Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, descobriram uma proteína, encontrada em lagartas, que pode ajudar na cicatrização e regenerar tecidos do corpo humano. A pesquisa foi desenvolvida por um grupo de pesquisadores do Laboratório de Bioquímica e Biofísica do instituto e, segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo, pode ajudar no tratamento de diversas doenças degenerativas, além da asma, do diabetes e de queimaduras.
Em entrevista à Agência Brasil, a diretora do laboratório, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, disse que a descoberta sobre essa proteína ocorreu após anos de estudos da lagarta Lonomia. “No Sul do Brasil, essa lagarta é o motivo de acidentes em pessoas e esses acidentes geram problema de coagulação e hemorragias, podendo até ocasionar hemorragia cerebral e levar ao óbito”. Foi por essa razão que os pesquisadores começaram a estudá-la, tentando descobrir qual era o mecanismo de ação de seu veneno.
Na segunda etapa do estudo, os pesquisadores começaram a verificar outros componentes do veneno. Eles notaram que essa proteína, encontrada inicialmente nos extratos dos espinhos dessas lagartas, protege as células da morte e estimula a produção de moléculas importantes na regeneração. “Ela [proteína] também aumenta a capacidade metabólica da célula, ou seja, sua energia, fazendo com que o processo seja mais rápido”, explicou.
Durante o estudo, os pesquisadores perceberam que, ao usar a proteína, a cicatrização em animais ocorreu de forma 40% mais rápida, sem a formação de queloides (espécie de calombo ou ranhuras) na cicatrização. “A forma de cicatrização é muito perfeita”, disse. Outra aplicação dessa proteína seria no combate às rugas. “Acreditamos que ela [proteína] também possa ser utilizada como um dermocosmético, ajudando como um antienvelhecimento”, disse a diretora.
Até o momento, a substância foi aplicada em animais portadores de asma e úlceras diabéticas, e os primeiros resultados demonstraram a eficiência do medicamento na cicatrização do local afetado. O medicamento ainda será testado em humanos. “Acreditamos que, se bem trabalhado, em um ano devemos ter resultados suficientes de segurança para depois podermos começar testes clínicos”, disse. Segundo ela, a indústria farmacêutica estima que, no máximo em quatro anos, esse medicamento possa ser comercializado e usado em humanos.
Edição: Talita Cavalcante