Presidente do STF diz que ministros citados em grampo não têm nada a temer

11/05/2012 - 20h03

Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, disse hoje (11) que os ministros da Corte não temem o desenrolar dos fatos envolvendo o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, suspeito chefiar um esquema de jogos ilegais. Segundo divulgado ontem (9) pelo site Folha Online, três ministros do Supremo estão entre as 82 pessoas citadas nos grampos telefônicos do empresário: Gilmar Mendes, Antonio Dias Toffoli e Luiz Fux.

“Eu acho que nenhum ministro do STF teme absolutamente nada, mas aguardemos os fatos”, disse Britto, na tarde de hoje, pouco antes de palestrar em um evento sobre gestão pública. Além de ministros do STF, a lista também tem nomes de políticos, empresários e jornalistas.

O suposto envolvimento de ministros do STF e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) nos fatos ligados a Cachoeira foi negado na semana passada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Por meio de nota, ele afirmou que “matérias que afirmam o contrário são mentirosas e irresponsáveis, servindo apenas para tumultuar investigações de fatos extremamente graves que a sociedade brasileira deseja ver cabalmente apurados”.

Britto preferiu não comentar se a tentativa de convocar o procurador-geral para depor na CPI é legal porque, segundo ele, o assunto “tem um potencial de judicialização”. Perguntado se o STF deve dar a palavra final sobre a controvérsia, o presidente disse que não pode dizer que é provável, mas que o assunto "tem potencial para ir [ao Supremo]. Então prefiro não falar sobre isso”.

Parlamentares insatisfeitos com o desempenho do procurador-geral no caso Cachoeira querem convocá-lo para explicar porque não acionou o STF em 2009, quando recebeu os resultados da Operação Vegas, da Polícia Federal. Ela antecedeu a Operação Monte Carlo nas apurações sobre Cachoeira e já trazia informações sobre o envolvimento do bicheiro com parlamentares.

Gurgel alega que, na época, não tinha elementos suficientes para incriminar os envolvidos. O procurador também disse que não pode participar da CPI porque isso impediria seu trabalho nas investigações, já que iria depor na condição de testemunha.
 

Edição: Rivadavia Severo