Começa votação das eleições presidenciais francesas com abertura de urnas nos territórios extracontinentais

21/04/2012 - 12h40

Da Telam e Agência Lusa

Brasília – O primeiro turno das eleições presidenciais da França começou hoje (21) com a abertura dos locais de votação nos territórios extracontinentais. Cerca de 5 mil eleitores já podem votar nas ilhas de São Pedro e Miquelon, na costa atlântica canadense. E, ao longo do dia, também serão abertas as urnas de outros territórios como o Arquipélago de Guadalupe e a Ilha de Martinica.

No total, estão aptos a votar, nos territórios extracontinentais, aproximadamente 900 mil dos 44,5 milhões de franceses. No território francês, as urnas só se abrem amanhã (22).

Ao longo da campanha, nas últimas semanas, os temas que dominaram os debates foram o emprego, a crise econômica na França e na Europa, a segurança e a imigração. As últimas sondagens indicam a possibilidade de segundo turno e, dos dez candidatos, o socialista François Hollande e o presidente Nicolas Sarkozy, da União por um Movimento Popular, de centro-direita, lideram as pesquisas. Havendo segundo turno, a votação será no dia 6 de maio.

O desemprego em França está próximo dos 10% e as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) não preveem que esta taxa diminua nos próximos dois anos. O problema ocupa o topo das preocupações dos franceses.

Sarkozy termina o mandato em um país com o dobro de desempregados do que prometeu em 2007, tema que evitou na campanha atual. Enquanto Hollande prometeu criar 150 mil empregos até 2017, o atual presidente não falou em números. O presidente disse apenas que, uma vez reeleito, aumentaria os salários de 7 milhões de franceses, entre aqueles que têm salários mais baixos, e anunciou que, para se beneficiarem de subsídios de desemprego, os desempregados teriam que frequentar algum tipo de curso de formação profissional.

Uma das promessas de Hollande foi diminuir a idade mínima da aposentadoria para 60 anos, enquanto Sarkozy defende os 62 anos atuais.

Os impostos também foram tema de troca de argumentos entre candidatos. O socialista prometeu “moralizar” os “ultrarricos”, com a aplicação de um imposto de 75% sobre os rendimentos superiores a 1 milhão de euros, enquanto Sarkozy anunciou que vai aplicar um imposto extra às grandes empresas na França.

Sobre a crise da dívida europeia, o bolo das promessas dividiu-se em dois, com Sarkozy prometendo austeridade e Hollande defendendo o estímulo ao crescimento econômico. Além disso, o candidato à reeleição tem defendido um novo tratado europeu, para uma maior integração política e econômica da União Europeia e para reforçar a confiança dos mercados das finanças dos estados-membros.

Já Hollande afirmou que vai renegociar o pacto orçamentário europeu, defendeu um papel mais ativo do Banco Central Europeu no crescimento dos países e a criação de uma agência europeia de notação.

Em relação à segurança e à imigração, temas tradicionais das campanhas eleitorais francesas, a discussão também foi acalorada e as propostas díspares. Sarkozy ficou conhecido no país pela sua imagem de Ministro do Interior implacável nos conflitos nos subúrbios, em 2005. Tanto que, na campanha, ameaçou suspender a participação da França nos acordos de Schengen se os estados não colaborassem em uma reforma estrutural das regras do espaço e anunciou que reduziria para quase metade o número de entradas legais no país.

Já Hollande prometeu que a avaliação do número de entradas seria feita anualmente no Parlamento. Estima-se que, anualmente, entrem cerca de 200 mil estrangeiros na França.

Quando ao tema da segurança, Sarkozy declarou “tolerância zero” aos discursos de ódio e às ideologias radicais, principalmente depois do episódio de Toulouse, em que um jovem francês de origem argelina, que alegava ser membro de uma rede terrorista islâmica, assassinou sete pessoas, entre elas três crianças. O governo chegou a anunciar um reforço das leis antiterrorismo. Mas Hollande defendeu que a França já tem um sistema de proteção suficientemente robusto. O socialista prometeu a retirada das tropas francesas do Afeganistão no final de 2012.