Da Agência Brasil
Brasília – Luiz Alberto Mendes é daqueles escritores que ultrapassam os limites de qualquer gênero literário. “Falam que eu faço parte da literatura marginal ou da literatura do cárcere. Eu faço literatura, sou como qualquer escritor”, disse hoje ao participar da 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em Brasília.
O escritor paulista fez palestra sobre o tema A Literatura e o Cárcere. Ex-presidiário, Mendes contou sobre a sua trajetória literária e educacional dentro da prisão, onde ficou por mais de 30 anos. “O que se aprende nas prisões é a cultura do crime. É uma cultura que impregna e que faz o preso voltar para a cadeia, mesmo que não queira”, declarou.
Envolvido com o crime desde criança, ele destacou que o interesse pelos livros e pela educação só veio quando tinha 23 anos, depois que um amigo o presenteou com vários livros. O hábito de ler e escrever veio aos poucos, depois de um esforço diário. Segundo Mendes, no começo escrevia cartas para a mãe e lia cinco minutos por dia. “Eu percebi, depois que comecei a escrever, que podia confiar na vida. Eu descobri novas culturas, novas possibilidades”.
O escritor criticou a falta de alternativas para que o presidiário quando deixa a prisão possa ser reintegrado na sociedade. “Muitos números são apresentados, mas são poucos os cursos oferecidos na cadeia, principalmente os profissionalizantes. Quando são oferecidos, é de marceneiro ou mecânico, nada além disso”.
A Bienal Brasil do Livro e da Leitura está ocorrendo no canteiro central da Esplanada dos Ministérios. A programação pode ser acessado no site: http://www.bienalbrasildolivro.com.br/.
Edição: Aécio Amado