Em estado de emergência, Betim continua a sofrer as consequências das chuvas

05/01/2012 - 21h40

Alex Rodrigues
Enviado Especial

Betim (MG) - A cheia do Rio Paraopeba, que nos últimos dias chegou a subir mais de sete metros acima de seu nível normal, causou prejuízos e transtornos também aos moradores de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Os deslizamentos de encostas, o aumento de pontos de inundação e alagamentos e os danos a residências e à infraestrutura da cidade levaram a prefeita Maria do Carmo Lara a decretar, ontem (4), estado de emergência. Segundo o último balanço divulgado pela Defesa Civil municipal, cerca de 700 pessoas foram desalojadas pelas chuvas. As que não foram para casas de amigos ou parentes foram encaminhadas para abrigos públicos. Ao menos 16 imóveis estão condenados.

No bairro Citrolândia, internos da Casa de Saúde Santa Isabel tiveram que ser removidos da unidade de internação onde estavam. Como várias casas próximas às margens do Paraopeba, o pavilhão foi praticamente encoberto pela água.

Segundo o diretor hospitalar Shigeru Ricardo Sekiya, além dos 49 internos do pavilhão, outras dez famílias tiveram que deixar casas pertencentes à instituição, ligada à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. Considerada uma referência no atendimento a pacientes com hanseníase, a casa de saúde atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo casos de reabilitação física.

Na divisa entre as cidades de Betim e Mário Campos, onde o Rio Sarzedo encontra o Paraopeba, as águas alagaram a rodovia estadual que liga a BR-381 ao centro de Mário Campos, interrompendo o trânsito dos veículos que se deslocavam entre Belo Horizonte e Brumadinho. Neste ponto, a água atingiu o teto de algumas casas e invadiu o galpão de uma fábrica de reciclagem. De acordo com Laura Porto, que é sócia da fábrica, os equipamentos estragados, como máquinas de aglutinação e moagem, totalizam um prejuízo de pelo menos R$ 1,5 milhão que podem chegar a R$ 3 milhões.

"Só hoje, com o nível do rio baixando, é que dá para ver a dimensão do que estava embaixo d´água. E o pior é que tentamos fazer um seguro, mas por duas vezes o pedido foi recusado", disse Laura, explicando estar esperando que a defesa civil inspecione o local e ateste os prejuízos para que ela então possa recorrer à Justiça para tentar reaver as perdas. "Só então vamos saber quem vamos poder acionar [na Justiça] para cobrar os equipamentos estragados, os 25 funcionários ociosos, os dias parados e tudo o mais".

Em outro bairro da cidade, o funcionário público Alcides Bleme viu o rio subir 1,5 metro ao redor de sua casa. Para ele, embora caiba ao poder público realizar obras de prevenção, não há um único responsável pelos cada vez mais frequentes desastres naturais. "A tendência é isso aumentar e quem está fazendo isso somos todos nós, asfaltando tudo, fazendo obras mal planejadas e outras coisas".

A Defesa Civil municipal está recebendo alimentos não perecível e material de higiene pessoal e de limpeza para doar aos desalojados.
 

Edição: Rivadavia Severo