Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Polícia Civil do Rio de Janeiro usa o Rock in Rio como um “estudo de caso” para aplicar no treinamento dos seus agentes para a Copa do Mundo de 2014 a experiência do festival de música que reuniu, neste ano, cerca de 100 mil pessoas por dia na Barra da Tijuca. Entre as principais ocorrências registradas está a comunicação de falso furto de objetos valiosos, como câmeras de vídeo de turistas estrangeiros, carteiras e até ingressos, para, de posse do registro de ocorrência, tentar entrar de graça.
A informação foi dada por Camilo Sales D'Ornelas, coordenador dos cursos da Academia de Polícia Civil do Rio destinados a preparar os agentes cariocas para o evento, bem como para a Copa das Confederações, em 2013, e as Olimpíadas, em 2016. Ao participar de audiência pública na Subcomissão do Senado sobre a Copa no Brasil, ele disse também que há preocupação de criar uma doutrina de capacitação dos policiais para lidar com os turistas e o público em geral durante a Copa do Mundo.
“Precisamos dar ao policial uma expertise (competência, perícia) voltada para os grandes eventos, paralelamente às suas atividades rotineiras, de forma que possa atender aos visitantes que virão de todo o mundo para a Copa." Segundo D'Ornelas, o principal investimento é na capacitação do policial, por meios de cursos específicos na academia. "Podemos até investir em tecnologia, mas o principal é a capacitação, de forma que ele assimile essa doutrina, desde a ponta até o seu comandante”, acrescentou o policial, que dirige o Centro de Estudos dos Agentes Policiais da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Para D’Ornellas, no treinamento, os policiais devem receber informações sobre as diversas culturas dos turistas que virão ao Brasil para assistir aos jogos do Mundial. Como exemplo, ele citou os ingleses, “que costumam fazer uso do álcool, mas isso não é prejudicial, e sim uma questão de cultura. Se você proibir, pode até causar um certo desconforto. É esse conhecimento que o policial precisa ter”.
Por esse motivo, D'Ornelas disse que é importante “pensar sobre isso” com base, por exemplo, na experiência do Rock in Rio, para decidir sobre a liberação da venda de cerveja nos estádios durante a Copa, como pretende a Fifa, o que é proibido no Brasil e se tornou um dos pontos mais polêmicos do projeto de Lei Geral da Copa, que está em tramitação na Câmara dos Deputados.
D’Ornelas lembra que, no Rock in Rio, a cerveja era liberada e isso não prejudicou a segurança do evento, mas admite que, no futebol, é uma questão complicada, pois são duas torcidas e existe rivalidade. "Mas na Copa do Mundo deveríamos pensar um pouco melhor para que isso não seja um complicador e possa ser resolvido a contento até 2014. A bebida não é o único fator relacionado à segurança da torcida.”
Edição: Nádia Franco