MEC pode ampliar número de provas do Enem a serem reaplicadas em Fortaleza

31/10/2011 - 19h55

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O número de provas anuladas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011 pode aumentar caso a Polícia Federal conclua que mais estudantes tiveram acesso à apostila do Colégio Christus, de Fortaleza. O Christus é o colégio que antecipou, a alunos matriculados neste ano, 14 questões do exame, que vieram de pré-teste de validação de questões aplicado em outubro do ano passado.

Há a possibilidade de que estudantes do cursinho pré-vestibular da mesma instituição e também de outras escolas tenham recebido o material. A posição defendida pelo Ministério da Educação (MEC) até o momento é a de cancelar apenas as provas dos 639 alunos do colégio, dando-lhes a chance de fazer um novo exame no fim de novembro.

A presidenta do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Malvina Tuttmann, esteve hoje (31) em Fortaleza para uma reunião com o juiz federal que analisa se as provas do Enem deste ano serão ou não anuladas. O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal no estado após a constatação de que alunos do Colégio Christus tiveram acesso antecipado às questões do pré-teste.

Os itens estavam em apostila distribuída pela escola semanas antes da aplicação do Enem e vazaram da fase de pré-testes do exame, da qual a escola participou em outubro de 2010. A Justiça Federal deve divulgar a decisão sobre o cancelamento até amanhã (1º). O pré-teste do Enem é feito pelo Inep para avaliar se as questões em análise são válidas e qual é o grau de dificuldade de cada uma. Os cadernos de questões do pré-teste deveriam ter sido devolvidos após a aplicação e incinerados pelo instituto.

O MEC confirma que 14 questões que estavam na apostila foram copiadas de dois dos 32 cadernos do pré-teste do Enem aplicado no ano passado a 91 alunos da escola. A Polícia Federal investiga se houve fraude na aplicação.

Em nota divulgada hoje (31), após entrevista coletiva concedida pela presidenta do Inep em Fortaleza, o MEC reitera que “os incidentes relacionados à aplicação das provas do Enem 2011 estão circunscritos aos alunos do Colégio Christus”, mas informa que, caso as investigações da Polícia Federal indiquem que outros candidatos também tiveram acesso às questões, as provas desses candidatos também poderão ser canceladas.

O ministério defende que a metodologia utilizada no Enem, a Teoria da Resposta ao Item (TRI), permite a reaplicação da prova sem prejuízo aos estudantes. Isso porque, pela TRI, os testes podem ser “calibrados” para terem o mesmo nível dificuldade. Casos semelhantes já ocorreram em anos anteriores. Em 2009, candidatos do Espírito Santo não puderam fazer o Enem por causa de uma enchente e o exame foi aplicado no estado em outra data. No ano passado, cerca de 9 mil inscritos que receberam provas com erros de impressão puderam fazer o Enem de novo.

Edição: Lana Cristina