Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Homem Que Não Dormia, longa-metragem do baiano Edgard Navarro, se inspirou no psiquiatra suíço Carl Gustav Jung para fazer uma reflexão sobre as mazelas humanas, na definição do próprio diretor. O filme será exibido hoje (30) na mostra competitiva do 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileira e conta a história dos moradores de uma cidade do interior do Brasil que começam a ter o mesmo sonho. Os habitantes do lugar têm suas vidas totalmente mudadas com a chegada de um forasteiro.
"O filme é uma parábola sobre a vida e a morte, um tesouro que todos temos guardado. O conhecimento de nossas mazelas e o autoconhecimento vêm a reboque de outras coisas. O filme propõe um olhar sobre si mesmo", disse Navarro, diretor do premiadíssimo e autobiográfico Eu Me Lembro, à Agência Brasil. "É um filme inspirado em Jung. Meu primeiro filme foi mais influenciado por Freud.”
A fotografia do filme contempla o árido e belo cenário da Chapada Diamantina, no interior da Bahia, e conta com um elenco formado apenas por atores baianos. O Homem Que Não Dormia também faz um passeio pelas lendas e histórias amedrontadoras contadas no interior do país, nas quais há sempre a presença de almas penadas e tesouros escondidos.
"Esse forasteiro é o homem que não dormia. Ele é uma invenção minha, mas sobre uma base de mitos e lendas que encontramos em cada casinha do interior do Brasil. O filme traz as almas penadas, as mulas sem cabeça, o caipora, as botijas de ouro enterradas que são tesouros que estão dentro de cada um de nós", disse Navarro.
Aos 62 anos, o diretor aposta que o filme vai conquistar o público pelo que chamou de "via contrária". "Os personagens são sequelados, tronchos, infelizes. Quebrar esse encanto é resgatar a alegria de viver e isso significa se desnudar, mostrar o que está escondido, se desmascarar."
Este é o seu segundo longa-metragem de Navarro. Ele conta que o filme é um projeto antigo, no qual já pensava em se aventurar antes dos filmes de curtas e médias-metragens, como Porta de Fogo (1985) e Superoutro (1989).
Edição: João Carlos Rodrigues