Movimento de Libertação dos Sem-Terra encerra contatos em Brasília pedindo mais atenção do governo

09/09/2011 - 16h39

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) encerra hoje (9) uma série de contatos na esfera federal, depois de apresentar a várias autoridades uma extensa pauta de reivindicações de seus assentados e acampados, que somam 120 mil famílias distribuídas em dez estados. Partindo de Goiânia, eles iniciaram a marcha a Brasília no dia 20 de agosto, com o lema "Aperte a Mão de Quem te Alimenta", e chegaram à capital federal na última segunda-feira (6).

Os militantes ficaram acampados no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, área central de Brasília.

"Os pequenos agricultores merecem a atenção do governo, porque respondem por 70% de toda a produção agrícola no Brasil", diz José Francisco Moreira, um dos coordenadores do movimento e representante de assentados e acampados do estado de Minas Gerais. Segundo ele, os agricultores precisam do apoio do governo para "continuar produzindo frutas, legumes e verduras sem agrotóxicos".

No Dia da Independência, 7 de setembro, muitos dos militantes do MLST que vieram a Brasília juntaram-se aos participantes da Marcha contra a Corrupção, que reuniu cerca de 25 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios.

A pauta de reivindicações que os trabalhadores apresentaram em Brasília inclui ainda apoio logístico para negociação do que produzem, a construção de moradias, dentro do Programa Minha Casa, Minha Vida, do Ministério das Cidades, inclusive para os filhos que se casarem; o fornecimento de energia elétrica pelo Programa Luz para Todos e acesso à internet para o homem do campo.

Ontem (8), representantes do movimento foram recebidos pelo secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que ficou de ter novo encontro com eles, depois ter uma resposta dos ministérios aos quais o MLST apresentou suas reivindicações.

José Francisco Moreira ressalta que o movimento "não tem fim lucrativo e que, por isso, se satisfaz até mesmo com a troca do que produz por outros gêneros, inclusive insumos". Os trabalhadores reclamam da concorrência do agronegócio, que usa agrotóxicos e acaba com muitos empregos, ao usar máquinas na agricultura. "Cada cidadão consome por ano 5,2 litros de veneno, que vêm das lavouras do agronegócio, responsável por 30% da produção agrícola no país". diz Moreira.

Ismael Costa, também coordenador do MLST, informa que o movimento pediu hoje ao ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, mais facilidades na concessão da aposentadoria rural para aqueles que não têm documentos. Segundo Costa, isso seria feito com a aceitação pela Previdência Social de documentação dada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, por intermédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Os trabalhadores querem, ainda, direito aos auxílios doença e maternidade.

De acordo com Costa, o MLST tem interesse em formar agroindústrias, como usinas de leite, e centros de distribuição da produção. A venda de excedentes da lavoura para o governo, destinada à merenda escolar, como é feito na agricultura familiar, é outra reivindicação do movimento.

Em 2006, cerca de 500 integrantes do movimento invadiram a Câmara dos Deputados, onde quebraram janelas de vidro, portas e mesas. Muitos foram presos e alegaram que reagiram dessa forma por causa da hostilidade com que foram recebidos pela segurança da Casa. O MLST existe desde 1994 e, segundo seus coordenadores, está satisfeito com "a receptividade" que vem tendo do governo nos últimos anos.

Edição: Nádia Franco