Descontentes na relação com governo e Congresso, centrais sindicais dizem que manifesto era inevitável

03/08/2011 - 17h59

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – As centrais sindicais classificaram o manifesto que fizeram hoje (3), em frente ao Estádio do Pacaembu, como inevitável. Elas querem a aprovação da pauta trabalhista, que tramita no Congresso Nacional. “A manifestação era inevitável porque parece que Brasília não está nos ouvindo”, afirmou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

Segundo ele, é preciso pressionar o Congresso. “Esperamos que eles possam ouvir a voz do trabalhador e mexer nas três questões que interessam tanto ao trabalhador brasileiro”. Pelos cálculos do tenente-coronel da Polícia Militar, Walmir Martini, o ato reuniu cerca de 25 mil trabalhadores.

As três questões a que se referiu Paulinho são a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário, redução do fator previdenciário e a regulamentação da terceirização. “Tem uma série de reivindicações porque esse movimento envolve também a reforma agrária, urbana, 10% do Produto Interno Bruto para garantir uma educação melhor, entre outras [reivindicações]”.

Os manifestantes se concentraram na Praça Charles Miller e seguiram em direção à Assembleia Legislativa de São Paulo. O movimento foi organizado por cinco centrais sindicais: Força Sindical, Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Nova Central Sindical, e contou com o apoio de movimentos sociais – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).

Paulinho lamentou ter que fazer a manifestação em São Paulo e disse saber que atrapalharia a população, mas disse também que as centrais contavam com a ajuda da Polícia Militar e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), além de ter a compreensão das pessoas. “Sabemos que muita gente não entenderá, mas, na medida em que reunimos tanta gente, não tínhamos como dispersar as pessoas. Achamos melhor trazer para o estacionamento da Assembleia”.

O presidente da Força Sindical criticou o Plano Brasil Maior, anunciado ontem (2), pelo governo, que instituiu uma série de medidas de estímulo à recuperação da atividade industrial. Para ele, o plano foi tímido e insuficiente. “Amanhã [4], temos uma reunião com a presidenta Dilma Rousseff. Vamos falar duro com ela”.

Paulinho avaliou que Dilma mudou o jeito de governar e tem tomado decisões sozinha, o que, na sua opinião, é ruim. “Na hora que ela precisar de apoio não terá”.

O presidente da UGT, Ricardo Patah, ressaltou a importância de ter tantos trabalhadores nas ruas unidos pelo mesmo objetivo. Segundo ele, o principal ponto é a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. “Nós temos que conseguir a redução para incluir mais de 1 milhão de pessoas que estão à margem do trabalho e para qualificar os trabalhadores. Tenho certeza de que agora vamos conseguir. Nossas tentativas do passado nos permitiram ocupar espaço para, agora, ter resultado”.

O presidente da CGTB, Antonio Neto, disse acreditar que a marcha sensibilizará o governo e o Congresso, porque “são movidos à pressão”. “Fizemos manifestações nas cinco regiões e, agora, vamos pegar essa massa e nos concentrar em Brasília e pressioná-los para que nossas reivindicações sejam atendidas.”

Edição: Lana Cristina