Elaine Patrícia Cruz e Renata Giraldi
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo e Brasília – Sucessor do ex-presidente Itamar Franco na Presidência da República e ex-ministro do governo dele, Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) disse hoje (2) que ficou abalado com a morte do senador, a quem chamou de “amigo”. Segundo Fernando Henrique, Itamar tinha como características marcantes a ética, o espírito incorruptível e a determinação.
“Itamar era caracterizado, primeiro, por ter um comportamento ético e irretocável e, segundo, por ser uma pessoa persistente. Quando tinha um objetivo, ele ia lá”, disse o ex-presidente, em entrevista coletiva concedida na casa dele, no bairro de Higienópolis, em São Paulo.
Fernando Henrique lembrou que se tornou chanceler e ministro da Fazenda de Itamar sem que ambos tivessem intimidade. “Fui ministro do Exterior [das Relações Exteriores] do Itamar, pois nos conhecemos no Senado, mas não tínhamos uma relação mais próxima no Senado, embora muito boa e cordial, e ele me surpreendeu me nomeando ministro do Exterior e mais tarde, da Fazenda. Nesta época se não fosse o apoio decisivo do Itamar não poderia ter feito o Plano Real, porque nenhum plano desta magnitude se faz sem apoio do presidente.”
Segundo Fernando Henrique, o Brasil deve muito a Itamar e ao exemplo deixado por ele. “Itamar era um homem digno, que não se deixava levar pelo fascínio do poder e não aceitava a corrupção”, disse ele.
O ex-presidente ainda não decidiu se irá ao velório de Itamar amanhã (3), em Juiz de Fora, pois disse que anda muito abalado com a morte de amigos. “Confesso que ando abalado, já que morreu o Paulo Renato [no último dia 26, de parada cardíaca] , morreu [também] um grande amigo, o Juarez, e agora o Itamar, eu também tenho meus 80 anos e também não sei se terei condições de ir.”
Edição: Nádia Franco