Renata Giraldi e Sabrina Craide
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – Há cerca de dois anos, o ex-presidente e senador Itamar Franco (PPS-MG) concedeu entrevista ao programa 3 a 1, da TV Brasil, mostrando as características que tanto o marcaram, como as posições críticas e bem definidas, e a atualidade de suas análises. Para Itamar, na época, a então pré-candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff, daria “trabalho” à oposição por ser preparada.
“[A Dilma Rousseff] domina bem o Brasil. As mulheres estão dominando o país. Ela vai dar trabalho. A oposição vai ter de estudar para debater com esta ministra”, disse Itamar, no programa, que foi ao ar em 12 de agosto de 2009. Para ele, todos os presidentes da República se empenharam para transformar o Brasil em um país melhor.
“Cada um fez o que era possível no seu tempo. Nós todos, gostemos ou não, somos um somatório”, disse Itamar, na entrevista. Em seguida, ele lembrou que seu mandato (1992-1994) foi mais curto do que os dos demais presidentes da República. “Só tive dois anos e dois meses, eu tinha duas coisas importantes a fazer: a estabilização da economia e a consolidação do Estado de Direito.”
Para Itamar, as eleições do ano passado eram a oportunidade para a juventude se engajar no processo político nacional e defender suas bandeiras. “Se os moços e moças abrirem suas janelas, vamos poder renovar a política nacional. É preciso que haja uma participação muito grande dos jovens brasileiros”
Segundo o ex-presidente, os eleitores precisam ficar atentos à atuação dos políticos, pois muitos dos que se candidatam não mantêm os vínculos necessários com a sociedade. “Alguns políticos estão completamente desconectados da sociedade. Temos de lembrar aos moços que estão nas universidades e nos sindicatos que essa gente tem de se manifestar.”
Idealizador do Plano Real, em 1994, no seu último ano de mandato, Itamar se irritou ao ser peguntado se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em seu governo foi ministro da Fazenda, que tinha a responsabilidade na consolidação das medidas econômicas. Com seu habitual tom crítico, Itamar reagiu com ironia à pergunta.
“O técnico pode fazer o plano, mas quem assina é o presidente da República. E, quando o filho é feio, a culpa é do presidente, quando o filho é bonito, é do técnico. Se o plano tivesse dado errado, eu tinha que sair pelos fundos. Outros presidentes saíram pelos fundos, mas eu acabei saindo pela frente”, disse ele à TV Brasil.
Itamar não escondia as mágoas que tinha de Fernando Henrique, seu sucessor, e de Fernando Collor de Mello, a quem substituiu por causa do processo de impeachment e renúncia. “Daí minha grande crítica ao Fernando Henrique Cardoso: ele quebrou toda a estrutura jurídica do país e quebrou a nossa cultura [ao se lançar à eleição presidencial durante a implantação do Plano Real]”, disse.
Ao ser peguntado sobre Collor, Itamar respondeu que: “Não falo desta pessoa [o Collor]”. A resposta sucinta dele não permitiu que os jornalistas presentes à entrevista perguntassem mais sobre a relação com o ex-presidente que o antecedeu. “Eu recebi a Presidência da República com mais de 50% de inflação, era praticamente 2% ao dia – é que hoje todo mundo esqueceu. Ninguém se lembra das máquinas mudando os preços.”
Edição: Nádia Franco