Moradores do Morro do Querosene pedem acesso livre à fonte histórica de água

10/04/2011 - 17h51

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Um muro transformou-se em problema para os moradores do Morro do Querosene, na zona oeste da capital paulista. A construção da barreira fechou o acesso a uma fonte de água existente no bairro e acabou mobilizando a população do local que reivindica a demolição do muro.

Associações de moradores do Morro do Querosene organizaram hoje (10) uma festa para chamar a atenção do Poder Público para a situação. Dezenas de atividades foram programadas para ocorrer durante cerca de 12 horas deste domingo, todas solicitando o livre acesso à fonte.

“Essa fonte era frequentada por bandeirantes, estava no meio de antigas trilhas indígenas, é um local histórico”, afirma Eneides Nascimento, o mestre Dinho, que mora no Morro do Querosene há 35 anos. “Eu bebi água daqui. Meus quatro filhos também. Não podem fechar a entrada.”

Hoje, a fonte fica dentro de uma propriedade privada e o dono do local achou melhor restringir a passagem de pessoas pela área. Construiu um muro em 2008 e contratou um caseiro para tomar conta do terreno, que, além da fonte, abriga uma reserva de Mata Atlântica de quase 40 mil metros quadrados.

“A gente não sabe por que ele fez isso, quem autorizou”, disse a diretora da Associação Cultural do Morro do Querosene, Cecília Pelegrini, umas das pessoas que organizaram o manifesto de hoje. “Na frente da fonte passava uma rua. A passagem sempre foi pública.”

Pelegrini disse que a prefeitura de São Paulo já foi comunicada sobre o problema e até iniciou um estudo sobre a viabilidade do tombamento histórico da área. Os moradores, porém, reclamam da demora.

Procurada, a prefeitura informou que, em 2004, a fonte foi considerada uma Zona Especial de Proteção Cultural (Zepec). O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) também avalia seu tombamento. Ainda segundo a prefeitura, o departamento jurídico do município analisa se o muro interrompeu a circulação de pessoas em espaço público.

A Agência Brasil não conseguiu entrar em contato com os proprietários do terreno onde fica a fonte.

 

Edição: Lílian Beraldo