Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Começa amanhã (11) o trabalho de limpeza da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio, onde um atirador matou 12 crianças na última quinta-feira (7). Segundo o diretor da escola, Luis Marduk, a Polícia Civil já encerrou o trabalho de perícia e liberou o local.
Como houve mortes e muitos alunos feridos, ainda há bastante sangue espalhado pelo chão e pelas paredes. A escola ficará fechada por uma semana e as aulas serão retomadas no dia 18 de abril, com um evento que deverá contar com a participação de artistas famosos. O objetivo é diminuir o receio dos estudantes na volta para a escola.
“Os artistas deverão vir aqui e dar as mãos às crianças para fazer a reentrada delas na escola. O nosso papel neste momento é encorajar as crianças, porque nós temos que reviver essa escola. Derrubar a escola não vai resolver o que aconteceu. A única coisa que vai espantar o fantasma do medo é reconquistar essa escola. A escola não é o espaço do medo, é o espaço da esperança, da criança, da paz”, afirmou o diretor.
A secretária municipal de Educação do Rio, Claudia Costin, visitou hoje (10) a Escola Tasso da Silveira e prometeu fazer modificações físicas no visual da escola. De acordo com o diretor Luis Marduk, uma das propostas é transformar o muro da escola em um grande mural, com pinturas e mosaicos feitos pelos próprios alunos para homenagear as vítimas da chacina e celebrar a paz.
“O grande desafio é repaginar o ambiente para minimizar qualquer sentimento de trauma e qualquer lembrança. É também necessária a recuperação das pessoas através de um trabalho psicológico”, disse Marduk.
Quatro dias depois, o diretor ainda sofre ao lembrar do atentado. Ele não estava na escola no momento do tiroteio, mas seu filho de 12 anos já estava em sala. Aluno do 7º ano, o filho de Marduk sobreviveu ileso ao ataque porque sua turma foi levada do segundo andar para o terceiro andar e ficou dentro de uma sala de aula, trancada pela professora, quando começaram os tiros.
“Meu filho não quis se trancar dentro da sala. Ele queria saber onde eu estava, se eu estava bem. No momento, eu não estava na escola. Quando eu cheguei, uma funcionária gritou: 'tem um homem atirando dentro da escola'. Eu me desesperei e fui atrás do meu filho. Mas, na hora em que entrei, a polícia já tinha controlado a situação. Fui de sala em sala, atrás do meu filho, até encontrá-lo. Foi um momento difícil”, conta Marduk.
Edição: Andréa Quintiere