Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2009, divulgados hoje (7), mostram que os estudantes brasileiros melhoraram o desempenho, mas continuam nas últimas colocações da lista dos países avaliados. A prova é aplicada a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e avalia o conhecimento de estudantes de 15 anos de idade em matemática, leitura e ciências. No ano passado, 65 países participaram do Pisa.
Para o membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) Mozart Neves Ramos, é preciso acelerar esses avanços. “O Brasil melhorou, não podemos deixar de reconhecer. Mas essa melhora tem sido lenta. O Brasil foi um dos que mais cresceram na década, mas a gente estava na rabeira”, comparou Ramos, que é também conselheiro do Movimento Todos pela Educação.
Os resultados do Pisa mostram que, no último ano, a média brasileira cresceu 33 pontos, de 368 pontos em 2000 para 401 em 2009. A meta estabelecida pelo próprio Ministério da Educação (MEC) é chegar a 473 pontos em 2021. Ramos disse que isso significaria mais do que dobrar os avanços da última década no mesmo espaço de tempo.
“A cada degrau que se avança, o esforço para subir aumenta. Não tenho dúvida que, em 2012, o resultado no Pisa será melhor, resta saber quanto”. Para o educador, os elementos catalisadores que podem acelerar esses avanços são o aumento dos investimentos em educação, a valorização dos professores, uma organização melhor do currículo e a profissionalização da gestão de escolas e secretarias de educação. Nesse último aspecto, ele lembra que, muitas vezes, esses cargos são preenchidos por indicações políticas e os responsáveis pela gestão de escolas e redes de ensino não têm perfil técnico na área.
O especialista em educação e ex-representante da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) no Brasil Jorge Werthein avaliou que o avanço lento é reflexo do descaso que se teve com a área durante muito tempo. “Temos uma dívida histórica e de longo prazo. Faz muitas décadas que temos uma situação de desigualdade e baixa qualidade do ensino. Não é fácil reverter essa dívida e o fato de o Brasil ter avançado nas três disciplinas avaliadas pelo Pisa é promissor”.
Para Werthein, o exame confirma que as mudanças na educação levam tempo e aponta experiências internacionais importantes de países que, em curto prazo, conseguiram modificar os baixos indicadores educacionais. “Eles fizeram isso a partir de uma política de Estado para a educação, consensual. Isso nos mostra que também podemos fazer isso”, afirmou.
Edição: Vinicius Doria