ONG entregará propostas para educação aos candidatos à Presidência

11/07/2010 - 18h01

Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os candidatos à Presidência da República vão receber dentro de 20 dias um documento com propostas para melhorar o ensino. O texto está sendo trabalhado pela organização não governamental (ONG) Parceiros da Educação, que colheu opiniões de vários especialistas sobre as medidas que cada um adotaria se fosse presidente ou governador.

Entre as propostas estão a valorização do professor, uma maior autonomia para a direção da escola, a reforma do ensino médio, o aperfeiçoamento do sistema de avaliação e mais tempo na escola, mas não apenas dentro das salas de aula.

Para o presidente da ONG, Jair Ribeiro, apesar das discussões sobre a melhoria da educação, ainda faltam ações que garantam a continuidade das políticas públicas. “O país precisa de um programa de qualidade e de longo prazo, previsto para 20 ou 30 anos, e multipartidário, que tenha continuidade a nível federal e estadual.”

Jair Ribeiro falou sobre o assunto durante debate sobre educação promovido pelo programa Revista Brasil, da Rádio Nacional. Ele disse que um grande número de famílias "se declaram satisfeitas com a educação oferecida aos seus filhos, mas não sabem medir a qualidade do que está sendo ministrado".

A representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Júlia Ribeiro, argumentou durante o debate que a diversidade regional exige que a educação seja mais contextualizada, que as salas de aulas sejam cada vez mais interativas, dando atenção individualizada às crianças.

Para a coordenadora de Avaliação Educacional da Secretaria de Educação do Distrito Federal, Gláucia Maria Guerra "a eficiência do ensino é que pode garantir o sucesso do aluno na vida, e para isso é preciso investir em formação do profissional e na valorização do magistério. O aumento do número de matrículas e de instituições acarretou perda de qualidade, que precisa ser resgatada”.

A professora Maria Auxiliadora Seabra, do movimento Todos pela Educação, defendeu um esforço coletivo para sanar os problemas da educação. “Dificilmente a população enxerga o que a educação pode fazer pela sua própria sobrevivência. O discurso político, por sua vez, diz que a educação é importante, mas ela nunca é colocada como prioridade".

O nível de formação do professor, de acordo com Auxiliadora, está muito distante da necessidade do dia a dia. Ela acha que o Brasil mantém políticas de perpetuação da pobreza. "Várias pesquisas mostram que o pobre miserável de 10 ou 12 anos atrás continua sendo o mesmo de hoje. Seus filhos estão na mesma condição, pois eles às vezes recebem bolsas por longo tempo e, quando não se enquadram mais no padrão de assistência, voltam ao desamparo anterior".

Ela defende a criação de políticas integradas que garantam a mudança da condição de vida da pobreza. Outra crítica é que há o mesmo nível de financiamento da educação para as diversas regiões, "quando se sabe que no Nordeste há mais pobreza e dificuldades, por isso os lugares mais carentes deveriam receber mais recursos”, explicou Auxiliadora.

Edição: Andréa Quintiere