Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O combate à lavagem de dinheiro e ao crime organizado estão entre as prioridades do novo secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay, que pretende ampliar os investimentos em tecnologia para aprimorar e agilizar as ações. Ele também quer reduzir a burocracia nos processos de regularização de estrangeiros que vivem no país. O uso de ferramentas tecnológicas, segundo Abramovay, permitirá uma gestão mais eficiente e transparente.
“A modernização já vinha sendo feita, mas a gente vai acelerar [o processo] para conseguir implementar definitivamente. No Departamento de Estrangeiros as pessoas vão poder fazer tudo pela internet, consultar seus processos e saber quais documentos estão faltando”, disse com exclusividade à Agência Brasil.
Abramovay assumiu o cargo na última terça-feira (6), no lugar de Romeu Tuma Júnior, exonerado após denúncias sobre suposto envolvimento com a máfia chinesa. Ele estava em Paris, se preparando para assumir a direção executiva do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Undoc), quando recebeu o convite do ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto.
“Eu estava estudando [em Paris], me preparando para esse processo [de assumir um cargo na ONU]. O Luiz Paulo Barreto me chamou e, como eu trabalhava aqui desde 2004, acho que não podia deixar de enfrentar o desafio. É uma secretaria muito interessante, que acumulou muita coisa nesses sete anos e meio de governo”, afirmou.
Segundo o Abramovay, o ministro pediu que a secretaria avançasse na integração de todos os setores relacionados à lavagem de dinheiro para tornar o combate mais eficiente. “ É uma parte que não é policial, mas lida com informação, com a busca e bloqueio de recursos. É importante que essa área esteja funcionando integrada com toda a política de segurança pública do governo”, disse o secretário.
No fim de junho, o Brasil foi elogiado pelo Grupo de Ação Financeira (Gafi), a maior autoridade internacional na área de combate à lavagem de dinheiro. De acordo com Abramovay, que participou da reunião na Europa, o país mudou completamente a maneira como enfrenta a questão.
“Fomos explicar para o Gafi a política de lavagem de dinheiro do Brasil. O que a gente percebe é uma admiração muito grande pelo trabalho daqui, sobretudo pelos avanços. Se antes você não tinha nenhum inquérito sobre o tema, hoje você tem centenas de inquéritos, várias condenações”, disse.
Segundo ele, o Brasil tem pelo menos US$ 3 milhões bloqueados no exterior. Para Abramovay, o bloqueio de recursos é a maneira mais eficiente de acabar com o crime organizado. “Se você impede que esses recursos sejam usados para continuar alimentando o crime, você começa a sufocar financeiramente o crime organizado, que se alimenta dos recursos ilícitos.”
A Secretaria Nacional de Justiça coordena o Departamento de Estrangeiros, o Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação (Dejus) e o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI).
De acordo com Abramovay, serão feitas algumas mudanças em dois departamentos. Na próxima semana será anunciado o nome do novo diretor do DRCI. Além disso, Izaura Miranda deve assumir o Departamento de Estrangeiros.
Edição: Andréa Quintiere