Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As mulheres são as principais vítimas da violência praticada contra apopulação indígena no mundo. As índias têm mais chance de serestupradas do que outras mulheres. A constatação é de relatórioinédito da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado hoje (14). O relatório também cita pesquisas mostrando que mais de uma em cada três índiasé estuprada durante a vida.De acordo com o líder MarcosTerena, articulador do Comitê Intertribal - Memória e Ciência Indígena(ITC), o estupro é uma forma de desmoralizar as comunidades e também uma espécie delimpeza étnica. “A forma mais fácil de destruir um povo édesmoralizá-lo. Atingir a parte mais vulnerável do grupo tem esseobjetivo”, disse Terena, durante a divulgação do relatório. Oracismo contra os indígenas é apontado no relatório como fator deviolência, acrescentou Terena. “Em sua forma mais extrema, adiscriminação pode levar a graves violações, como homicídio e estupro”,diz o documento. “Este tipo de discriminação é difícil de quantificar everificar porque, ou não é documentado, ou não desagrega por etnia”,ponderou.Além de violência física, as mulheres indígenas tambémsão alvo indireto de conflitos armados ou de desastres naturais. Porcausa desses problemas, muitas vezes, ficam sem acessoà educação, à terra e a recursos econômicos, embora “sejam responsáveispelos cuidados de saúde e bem-estar de sua família e comunidade”,relata o texto.O documento da ONU também revela que as mulheresindígenas lideram os índices de mortalidade materna. Assim como apopulação indígena, em geral, “experimenta níveis desproporcionais” demortalidade infantil, desnutrição, doenças cardiovasculares, Aids, alémde outras doenças infecciosas como malária e tuberculose.