BC constata que spread bancário cresceu mais de 40% no ano passado

18/12/2009 - 17h41

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A diferença entre os juros que o banco paga nacaptação de recursos do cliente e o custo que essemesmo banco cobra na concessão de empréstimo, conhecidono jargão econômico como spread bancário,fechou o ano de 2008 em 39,98%. Um aumento de 40,77% em relaçãoaos 28,40% de spread do ano anterior.Os númerosconstam do Relatório de Economia Bancária e Crédito,relativo a 2008, divulgado hoje (18) pelo Banco Central. Pelaprimeira vez, o BC separa os índices por bancos públicos(Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) e bancos privados,aqui consideradas as dez maiores instituiçõesfinanceiras do setor privado, e o spread total computa os 12bancos.De acordo com o relatório, o spreadcobrado pelos bancos públicos encerrou o ano de 2008 com médiade 37% e aumento de 28,78% na comparação com os 28,73%do ano anterior. Enquanto isso, o spread médio dosbancos privados alcançou 40,98%, com expansão de 44,70%em relação aos 28,32% cobrados em 2007.Assim, ospread de 28,73% dos bancos públicos, em 2007, foimaior que o spread de 28,32% dos bancos privados, e o mesmoocorreu de 2001 a 2006. Isso porque o BB e a Caixa pagavam um poucomenos que os bancos privados na captação de recursosdos clientes e cobravam taxas de empréstimos mais elevadas,como especifica o relatório do BC.A partir destaobservação, a metodologia de composiçãodo spread bancário foi alterada, dando maior pesoponderado à inadimplência, que aumentou de 9,36%, em2007, para 13,27%, em 2008, com uma elevação de 33,19%.A margem líquida de lucro também cresceu de 8,33% para11,62%, com aumento de 29,06%, além de evoluçõesna carga de impostos e no custo administrativo.O relatóriodo BC destaca que os dados de 2008 revelam uma reaçãomais moderada dos bancos públicos, relativamente aos bancosprivados, diante da crise financeira internacional, quando os bancosestatais ganharam depósitos, ao mesmo tempo em que as demaisinstituições se retraíram e perderammercado.Principalmente porque os bancos privados reajustarammais intensamente suas margens, em face da piora do cenárioeconômico, e reviram para baixo a classificaçãode risco de suas novas operações de crédito. Comessas respostas diferenciadas, os bancos públicos puderamcobrar spread menor que os bancos privados em 2008, pelaprimeira vez de 2001 para cá.