Países ricos criticam texto de acordo sobre clima, mas não interrompem negociações

12/12/2009 - 9h23

Roberto Maltchik
Enviado especial
Copenhague (Dinamarca) - Na reunião geral das192 nações que participam da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, hoje (12) em Copenhague, osprincipais emissores históricos de gases que provocam o efeitosestufa criticaram o rascunho, apresentado ontem (11), pelogrupo de trabalho que tenta buscar um acordo até o fim da próximasemana.As críticas foramformalizadas pela União Europeia, Japão e Canadá. A principalqueixa é sobre o capítulo que trata da redução das emissões degases que provocam o efeito estufa nas grandes nações emdesenvolvimento, entre elas a China, a Índia e o Brasil.O países ricos buscamdos países em desenvolvimento uma meta para reduzir as emissõesfuturas de CO2, enquanto os países do G77 e a China aceitam assumircompromissos voluntários de diminuição, conforme está proposto noprotocolo de Quioto.Segundo o rascunho, queestá em negociação, os países em desenvolvimento“devem” adotar medidas de mitigação, mas “poderão” sersubmetidos à meta de frear as emissões até 2020, num patamar aindanão definido, que varia entre 15% e 30%. Já as naçõesdesenvolvidas têm como meta, reafirmada no documento, reduzir asemissões, comparando com o nível de 1990, entre 25% e 40%, dentrode 11 anos. Outro ponto quedificulta um acordo é o financiamento de longoprazo para combater o aquecimento global, que sequer foi mencionadono rascunho apresentado ontem. Um avanço, no entanto,foi a aprovação dos países produtores de petróleo, como a ArábiaSaudita, que aplaudiram o esboço como “um bom documento para sertrabalhado”.A delegação do Brasilreafirmou o apoio ao rascunho, que teve como um dos principaisredatores o embaixador Luis Alberto Figueiredo. No entanto, adiplomacia brasileira espera avanços na negociação para criar fórmulasde adaptação das economias pobres às novas tecnologias para desenvolverações contra o aquecimento global.O presidente do grupode trabalho, Michael Cutaia, também demonstrou otimismo, durante aplenária de hoje. “O trabalho vai considerar os elementos que foram postos ontem sobre àmesa. Sei que temos que avançar no tema da mitigação e dofinanciamento de longo prazo. Espero que até o fim do dia asconsultas tenham uma figura melhor”, afirmou.A presidente da Conferência,Connie Hedegaard, pediu que as discussões sejam transparentes nareta final da negociação. “As sugestões são boas. É importanteque o texto final tenha transparência. Existem ainda muitassugestões e preocupações em aberto”, admitiu.