Presidente da OAB diz que imagem de governador recebendo dinheiro é "devastadora"

29/11/2009 - 14h39

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente nacionalda Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, classificoude “davastadora” a imagem do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM) recebendo um pacote de dinheiro. O DVD, que veio a público no último sábado,consta do inquérito da Polícia Federal que apura umsuposto esquema de corrupção envolvendo diretamente ogovernador, secretários e deputados distritais. Para Britto,se as denúncias forem confirmadas, o único caminho aser seguido é o impeachment de Arruda."A imagem dogovernador sentado em uma cadeira recebendo um pacote de dinheiro édevastadora", disse Britto que convocou para amanhã (30)uma reunião com a presidente da seccional, EstefâniaViveiros, na sede do Conselho Federal da OAB, para avaliar a crise nogoverno.Britto comparou asdenúncias ao caso de corrupção envolvendo oex-presidente do Peru Alberto Fujimori e o seu ex-chefe deInteligência Vladimiro Montesinos. Fujimori foi condenado asete anos e seis meses de prisão por ter pago US$ 15 milhõesa Montesinos, em setembro de 2000.O presidente nacionalda OAB lembrou que esta não é a primeira vez que Arrudaé envolvido em escândalo. Em 2001, ele teve querenunciar ao mandato de senador da República no episódiodo painel de votação eletrônico. Arruda chegou achorar na frente às câmeras de televisão na ocasião,dizendo: “Não matei, não roubei e nãodesviei recursos públicos". Em 2001, quando foiacusado de violar o painel eletrônico de votaçãodo Senado, Arruda também teve uma estratégia inicial deficar no cargo. Foi até a tribuna da Casa e jurou pelospróprios filhos que era inocente. Quando as evidênciasse avolumaram, acabou renunciando.Na sexta-feira (27), aPolícia Federal deflagrou a Operação Caixa de Pandora e identificou um suposto e complexo esquema decorrupção envolvendo Arruda, o vice governador PauloOctávio, o presidente da Câmara Legislativa, deputadoLeonardo Prudente, além de secretários do governo.Pelas investigações, existiria um “mensalão”que arrecadou cerca de R$ 600 mil com empresas privadas, que seriamrepassados para colaboradores.As denúnciaslevaram Arruda a afastar oito de seus assessores diretos. Imagensgravadas pela Polícia Federal em DVD mostram o governadorrecebendo dinheiro das mãos do assessor Durval Barbosa –responsável pelas acusações e parte dasinformações repassadas aos policiais.Desde de setembro desteano, tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) o processode investigação sobre o suposto esquema de corrupçãoe distribuição de recursos. Porém, segundo o presidente do PT no Distrito Federal Chico Vigilante, as denúncias são mais antigas e tiveraminício na campanha do ex-governador e ex-senador Joaquim Roriz– hoje adversário de Arruda, mas seu aliado no passado.