Garcia critica Obama por sua atuação como negociador de política externa

24/11/2009 - 15h08

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O assessor especial da Presidência da República para AssuntosInternacionais, Marco Aurélio Garcia, disse hoje (24) que opresidente dos Estados Unidos, Barack Obama, decepcionou com suapolítica externa. Garcia criticou as posições assumidas por Obamano que se refere à crise em Honduras, ao debate sobre mudançasclimáticas e à falta de atenção à América Latina.“Atéagora, há um certo sabor de decepção, que nós esperamos que sereverta”, afirmou Garcia, depois do almoço oferecido pelopresidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente da RepúblicaTcheca, Václav Klaus, no Palácio Itamaraty.Para Garcia,Obama passa por dificuldades em decorrência de questões da políticainterna norte-americana, o que afetaria sua atuação no cenáriointernacional. No entanto, o assessor da Presidência fez severascríticas ao governo dos Estados Unidos por legitimar a realizaçãodas eleições hondurenhas, no próximo domingo (29).“Achamoslamentável que se queira limpar um golpe do Estado num país quevivia em estado de sítio”, disse Garcia. “É uma posturaequivocada dos Estados Unidos. Os Estados Unidos poderiam ter usadooutra postura”, afirmou GarciaEm relação à crise emHonduras, o governo brasileiro defende a restituição do poder aopresidente deposto, Manuel Zelaya – que está abrigado na embaixadabrasileira em Tegucigalpa há dois meses com mais um grupo decorreligionários. Só depois, segundo interlocutores do presidenteLula, haveria ambiente para a realização de eleições no país.Deacordo com Garcia, não há possibilidade de as eleições no próximodomingo, em Honduras, serem realizadas em clima de tranquilidade.“Não transcorrerão em clima de tranquilidade”, afirmou oassessor.Marco Aurélio Garcia ressaltou que há outros errosna condução da política externa norte-americana, como asdiscussões sobre as mudanças climáticas. “Os Estados Unidos nãoestão entregando praticamente nada”, disse ele. “O presidenteObama está enfrentando uma situação interna difícil ”, afirmouGarcia, justificando eventuais dificuldades do governonorte-americano.Porém, Garcia reiterou que a relação entreo Brasil e os Estados Unidos é boa e não sofre abalos. “Podemoster uma relação com os Estados Unidos”, afirmou. “A políticaexterna brasileira não é de confronto”, destacou Garcia. Elelembrou, no entanto, que o ministro das Relações Exteriores, CelsoAmorim, costuma dizer que a falta de atenção do governonorte-americano pode ser percebida tarde demais por Obama.“Quandoos Estados Unidos olharem para a América Latina poderão chegar àconclusão de que estão olhando tarde demais”,afirmou Garcia,repetindo o raciocínio de Amorim. “Isso não é um problema para aAmérica Latina. É um problema para os Estados Unidos.”