Rebelião de adolescentes no Espírito Santo é prova da falência do Estado, diz padre

18/11/2009 - 16h31

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Terminouhoje por volta das 11h da manhã a rebelião de 30adolescentes na Unidade de Internação Socioeducativa(Unis) em Cariacica, na região metropolitana de Vitória. O motim acabou após a direção da unidade secomprometer a atender algumas reivindicações dos jovens,tais como a revisão da situação processual decada um.Alémdisso, os adolescentes reivindicavam o direito à visitaíntima, à realização de atividades pedagógicase à autorização para receber os chamados “malotes”dos familiares, com refeições, roupa, utensíliose outros donativos dos parentes.A unidadeé administrada pelo Instituto de Atendimento Socioeducativodo Espírito Santo (Iases), ligado à Secretaria deJustiça do Estado do Espírito Santo. Segundo osecretário de Justiça, Ângelo Roncalli, a leigarante a visita íntima àqueles que mantêmrelacionamento estável, mas o pedido deverá sernegociado com a Justiça para que essas visitas possam serfeitas em espaço adequado. De acordo com o secretário,a unidade está sendo reformada.A direçãoda unidade socioeducativa autorizará as familiares a levaremrefeição própria no dia da visita. A restriçãoa entrega dos malotes foi mantida por razão de segurança,conforme expôs Roncalli. “Essa é uma medida decontrole. Quando o malote era liberado ocorria uma destruiçãomaior nas rebeliões do que verificamos agora”, afirmou,assinalando que há quase quatro anos não havia revoltaem unidades para adolescentes infratores. O secretárioafirma que a sindicância sobre a rebelião seráencaminhada à Justiça para identificaçãodos envolvidos e documentação de eventual depredação.Segundo opadre Xavier, da pastoral do menor e que participou de negociaçãocom os adolescentes, no começo e no final da rebelião,há pessoas dentro da unidades que já ultrapassaram ostrês anos de prazo máximo de detenção.Para o padre, a rebelião “demonstra a falência do PoderPúblico. O Estado conseguiu passar na prova final falência.Esse é o fruto que estamos recolhendo”.Conformedivulgado na semana passada pela Agência Brasil, asituação da Unis já foi denunciada por entidadesde direitos humanos à Corte Interamericana da Organizaçãodos Estados Americanos (OEA). Segundo as entidades que visitaram opresídio recentemente, há casos de tortura e tratamentoinadequado, em desrespeito o Estatuto de Crianças e Adolescentes.Os jovensse rebelaram na tarde de ontem (17) e chegaram a render 31 pessoas,entre elas 17 idosos que faziam uma apresentação decongo para comemorar a passagem do Dia da Consciência Negra (nopróximo dia 20). Um agente educativo da unidade foi ferido epassa bem após atendimento hospitalar. Na unidadesocioeducativa há 253 jovens.