Operação Sexta-Feira 13 prende nove empresários e doleiros por lavagem de dinheiro

13/11/2009 - 19h06

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Nove pessoas foram presas na Operação Sexta-Feira 13, da Polícia Federal, no Rio de Janeiro,entre elas os doleiros Chaim Enoch Zalgberg, Antônio Wanis Filho eEliezer Lewin e os empresários Vittorio Tedeschi, Ettore ReginaldoTedeschi e Altineu Pires Coutinho. Ao todo, são 21 os integrantes deduas quadrilhas sob investigação.Todos os presos estãoenvolvidos em quadrilhas investigadas desde 2005, quando a OperaçãoRoupa Suja detectou fraudes em licitações e corrupção entre empresas eórgãos oficiais, inclusive na importação de insumos para o coquetel doMinistério da Saúde para o combate ao HIV. Foram cumpridos também hoje(13) mandados de busca e apreensão no Rio e em São Paulo.O MinistérioPúblico Federal informou que a ocultação e lavagem de patrimônioilícito teriam alcançado dezenas de milhões de dólares. A engenhariafinanceira para esconder esse dinheiro foi concebida e executada pelosescritórios dos doleiros Chaim Henoch Zalcberg, Antônio Wanis Filho,Rosane Messer e Dario Messer, com o uso de contas na Suíça e nosEstados Unidos. Nesta tarde, na Superintendência da Polícia Federalno Rio, o chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros, LuísEduardo Castro, e os procuradores da República Carlos Alberto Aguiar eJosé Augusto Vagos, responsáveis pelas investigações, explicaram a Sexta-Feira 13:“Em2005, a Operação Roupa Suja investigou os crimes de fraude emlicitações e corrupção, incriminando os empresários presos agora, maisum grupo de pessoas envolvidas nos acertos das licitações fraudadas.Até laboratórios farmacêuticos indianos e chineses foram citados comofornecedores de insumos até 7.000% acima do preço para o coquetelanti-aids distribuído pela Saúde."Vittorio Tedeschi, indiciadonessa compra superfaturada, e Altineu Coutinho, envolvido emlicitações irregulares para lavagem de roupa hospitalar, recorriam emliberdade da condenação a 14 anos, mas perderam novamente esse direito nesta sexta-feira.“Mesmocondenados, eles continuaram a praticar os crimes de licitaçãofraudulenta e corrupção”, disse o procurador Aguiar, acrescentando quedesta vez a Justiça decretou a prisão preventiva dos dois, assim comode outros recalcitrantes.Dos 12 mandados de prisão expedidos pela 4ª Vara Federal do Rio de Janeiro,os três não cumpridos foram os de Arnaldo Haft e Fabrício de OliveiraSilva, que a polícia suspeita serem laranjas, e o do doleiro DarioMesser, que está fora do país, mas deve se apresentar porque suamulher, Rosane Messer, está entre os nove presos.“Gastamosquatro anos para chegar até aqui, porque detectamos o crime na OperaçãoRoupa Suja, e partimos para a investigação sobre o dinheiro desviado”,disse Carlos Alberto Aguiar. Seu colega nas investigações, José AugustoVagos, foi além: “Para dar uma ideia, o processo tem 129 apensos [volumes anexados ao longo dos trabalhos]”.Duranteo processo, foram pedidas informações bancárias no Brasil e no exterior, e sóno ano passado chegaram as dos Estados Unidos. Até agora, a Suíça nãocolaborou, mas os procuradores tentarão a repatriação do dinheiro queestá em todos os lugares.Apenas nesta sexta-feira,a Polícia Federal apreendeu R$ 250 mil (R$ 200 mil na casa deVittorio Tedeschi), US$ 17 mil, um montante indeterminado dedinheiro em outras moedas e quatro armas de baixo calibre. Osprocuradores estimam em US$ 20 milhões o total guardado emcerca de 20 contas bancárias abertas nos Estados Unidos. “Aquebra do sigilo bancário dos investigados no Estados Unidos foifundamental, mas ainda há muito a ser buscado. Quando houve a OperaçãoRoupa Suja, eles já movimentavam dinheiro nessas contas havia pelomenos dez anos. Quer dizer, há 14 anos esse esquema funciona”, informouCastro.Os procuradores justificaram os quatro anos de trabalhocom o fato de mais de 20 empresas de fachada, muitas fechadas, outrasem franca atividade, constarem das investigações, todas com nomes de laranjas e em paraísos fiscais, como as Bahamas.As duasquadrilhas investigadas, conforme a polícia, agiam sem ligaçãoaparente, em dois modelos de ação diferentes: dólar-cabo, no qual aremessa e a transferência de volta dos dólares era feitaclandestinamente, e o modelo das empresas de fachada, cujos sócios ediretores escondiam a verdadeira propriedade dos empresários presoshoje.