Problema da produção de trigo nesta safra está na qualidade, diz Conab

05/11/2009 - 14h15

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A previsão de queda de14,3% na produção brasileira de trigo, anunciada hoje (5) pela CompanhiaNacional de Abastecimento (Conab) não seria tão ruim caso nãoviesse acompanhada com a perda da qualidade do produto. Aavaliação foi feita pelo diretor de Política Agrícola eInformação da companhia, Silvio Porto.“O problema não é aquantidade, mas a qualidade”, afirmou. Segundo ele, cerca de 40% daprodução brasileira do cereal geralmente é composta de trigo paraa fabricação de pão, que exige um produto de melhor qualidade, mas, nesta safra, com o excesso de chuvas na fase final do cultivo, aqualidade do trigo no principal estado produtor, o Paraná, caiu.A única chance de aqueda na produção desse tipo de trigo não ser tão grande, podendochegar a 50%, está na expectativa de boa colheita no Rio Grande do Sul - que está no início. Com esse panorama, a necessidade deimportação do trigo tipo pão aumenta, assim como ações paraestimular o plantio no próximo ano.Porto criticou,entretanto, a falta de transparência da indústria que compra trigoem relação ao volume de seus estoques. “É crucial que avancemosna obrigatoriedade de uma declaração para quem tem estoques”,afirmou. Segundo ele, também é importante um cadastro público dosprodutores, para que o governo possa direcionar melhor as subvençõesque concede.Em relação à isençãode tributos incidentes sobre produtos utilizados na fabricação dopão francês, como o trigo e a farinha de trigo, o diretor da Conabdisse que “infelizmente não trouxe fomento à triticulturanacional, porque não diferencia o trigo vindo do exterior do que éproduzido no país”.Para propiciar estefomento, o Ministério da Agricultura (Mapa) levou à Câmara deComércio Exterior (Camex) a proposta de aumento da Tarifa ExternaComum (TEC), de 10% para 35%, cobrada sobre o trigo importado depaíses situados fora do Mercosul. Segundo o secretário executivo doMapa, Gerardo Fontelles, os membros da Camex estão analisando osimpactos que a medida pode ter em relação ao preço final do pão,que acaba interferindo na inflação.