Violência no Brasil cresce no interior, e jovens são principais vítimas

23/09/2009 - 17h32

Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Odiretor de pesquisas do Instituto Sangari, Julio Jacobo Waiselfisz, afirmou hoje (23), em audiência pública na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência Urbana daCâmara dos Deputados, que as taxas de violência e de homicídios noBrasil cresceram significativamente nos últimos anos no interior dopaís, mas se mantiveram estáveis na maior parte das regiõesmetropolitanas. Na análise por faixa etária, os jovens de 15 a 24 anosse consolidaram como principais vítimas dos atos violentos. Ataxa global de mortalidade da população brasileira caiu de 633 em100 mil habitantes em 1980 para 553, em 2007. Entre os jovens, ficouestável, passando de 128 para 129 no mesmo período. “Aesperança de vida da população em geral melhorou sensivelmente nasúltimas décadas, mas isto não aconteceu na juventude, devido,principalmente, às mortes violentas”, afirmou o pesquisador, autor doMapa da Violência nos Municípios, estudo que analisa a mortalidadecausada por homicídios, com foco especial nos crimes contra jovens, poracidentes de transporte e por armas de fogo.Segundo Jacobo, a interiorização da violência no Brasil tem como principaisexplicações a prioridade do Fundo Nacional de Segurança Pública para osinvestimentos em capitais e regiões metropolitanas violentas,descentralização do crescimento econômico com pólos destacados nointerior e a melhoria na captação dos dados de mortalidade.     “Nointerior há muitas áreas com pouca presença da segurança pública. [Essas áreas]se apresentam como um terreno praticamente virgem para ser exploradopela criminalidade”, ressaltou Jacobo. Entre as 30 cidades maisviolentas do Mapa da Violência de 2008, o último divulgado, figuraram apenas duascapitais. Recife (PE), na nona posição, com taxa de homicídios de 90,5para cada 100 mil habitantes e Vitória (ES), na décima terceiraposição, como taxa de 87 para cada 100 mil.  Cidades defronteira, Coronel Sapucaia, em Mato Grosso do Sul, com 107,2homicídios para cada 100 mil habitantes,  e Colniza, em Mato Grosso,com taxa de 106,4 homicídios, ocuparam respectivamente a primeira e segunda colocação do ranking. “Astaxas podem ser um reflexo da incidência do contrabando e da piratariana vida da população das cidades de fronteira”, avaliou Jacobo. “O mapa é importante para ver quais municípios têm índices de violênciaelevados e serviu para nos dar um panorama do que acontece nosinteriores. É um termômetro que indica que determinado município estácom febre”, acrescentou.