Violência não prejudicará candidatura do Rio a sede dos Jogos Olímpicos, diz Tarso

18/09/2009 - 7h24

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio - O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que a violência registrada atualmenteno Rio de Janeironão será  “impeditivo” para a cidade sair vitoriosa na disputa com Tóquio, Chicago e Madri pelodireito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016.  Ele participou, no Palácio da Cidade, de assinatura deconvênio que repassa ao governo do Rio recursos de mais R$ 100 milhões, do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), para ações ações de combate à violência. Segundo Tarso Genro, a cidade enfrentaproblemas mais sérios e imediatos como a questão da insuficiência de quartos narede hoteleira e a necessidade de equacionar os problemas de transporte. Para ele, a experiência obtida em eventos como a Rio 92, osJogos Pan-Americanos e festas populares como o carnaval e o réveillon – que atraemmilhões de pessoas - sem dúvida pesaráa favor da cidade quando for avaliado o quesito violência.“O principal problema, no que diz respeito às preocupações do COI [o Comitê Olímpico Internacional], não é a segurança pública, mas sim a rede hoteleira - esta é a maior preocupaçãodeles em razão da insuficiência de leitos – e a questão do transporte público". O ministro explicou quedo ponto de vista da segurança, os integrantes do COI acham que a experiência do Pan, que foiexemplar, pode ser ainda mais aperfeiçoada e têm consciência de que aaplicação de um programa como o Pronasci terá, até o ano de 2016, efeitoextraordinário na redução da criminalidade."Os problemas de violência que nós enfrentamos não são estranhos a outrascidades, inclusive candidatas como o Rio. Há graves problemas de segurança públicaenvolvendo questões de racismo, de terrorismo”, disse Tarso. Ele entende que “não será a questão dasegurança pública que vai determinar a rejeição ou o acolhimento da candidaturada cidade como sede das Olimpíadas de 2016, mas sim a capacidade deresposta que as autoridades têm para a realização de eventos de grandeconcentração de pessoas, como o reveillon e o carnaval”, avaliou. Sobre a necessidade de reformulação do Código PenalBrasileiro - diante da fuga recente do traficante Alexander Mendes da Silva, oPolegar, condenado a 22 anos e seis meses e que não voltou para dormir na prisão em seu primeiro dia no regime aberto -, o ministro não quis fazer comentário.Admitiu, porém, a necessidade de uma “profunda" reformulação da legislaçãopenal. "Mas tem também que mudar a qualidade do sistema penitenciárioe o paradigma da segurança pública no país. Para que nós tenhamos uma boapolicia, uma política voltada para a juventude”, disse.Sobre o balanço da Fundação Getulio Vargas em relação às primeiras avaliações do Pronasci, o ministro afirmou ter considerado satisfatórioo relatório. “O balanço diz que estamos no caminho certo, que há ainda um longocaminho a percorrer, mas já há um reconhecimento da comunidade e dasautoridades publicas de que o Pronasci é uma mudança de paradigma. Há também oreconhecimento de que, nos lugares onde ele foi aplicado há algum tempo,como em Recife por exemplo, os resultados já são absolutamente palpáveis”.Na avaliação de Tarso Genro, isso não quer dizer que o programa esteja fechado eque não possa ser aperfeiçoado. “A pesquisa é muito boa e mostra ainda umaumento da autoestima do policial. Mas é preciso que se entenda o Pronasci comoum programa de Estado e não de governo, tanto que ele é hoje uma lei federal”.