Operação Medula desarticula quadrilha que roubava medicamentos de alto custo em SP

18/09/2009 - 17h52

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Seis pessoas forampresas hoje (18), em São Caetano do Sul e Sorocaba, em São Paulo,durante a Operação Medula, realizada pela Polícia Civil emconjunto com a Corregedoria da Administração e a SecretariaEstadual da Saúde, por meio da Vigilância Sanitária. A operaçãotem o objetivo de desarticular uma quadrilha que roubava e desviavamedicamentos de alto custo distribuídos apenas pela rede públicapara revender a outras unidades de saúde. Um sétimo integrante dogrupo está foragido e é procurado pela polícia.Entre os medicamentosapreendidos estão o Mabthera, com custo de R$ 6 mil a ampola, e oGlimec, cujo fraco é vendido por R$ 10 mil. Ambos são usados parao tratamento do câncer.Segundo o assistente dodelegado da Delegacia de Saúde Pública e Roubo de Medicamentos,subordinada ao Departamento de Polícia e Proteção à Cidadania(DPPC), Anderson Giampaoli, a quadrilha era chefiada por DahirFernandes Filho. De acordo com a polícia, ele comprava e encaminhavaos medicamentos para as clínicas.“Os medicamentos eram'legalizados' por meio de notas frias pelos três filhos de Dahir.Eles cuidavam de quatro distribuidoras e encaminhavam osmedicamentos para hospitais e clínicas em todo país”, disseGiampaoli.As filhas de Dahir,Giuliana Mantovani Fernandes e Giovana Mantovani Fernandes eramresponsáveis pelas distribuidoras Garden Farma, em Sorocaba, eArmazém Central de Medicamentos, em Santos, respectivamente. StefanoMantovani Fernandes, também filho de Dahir, era responsável poroutras duas distribuidoras em São Caetano do Sul (Hosp Farma eCentral Med Comércio de Produtos Médicos e Hospitalares), ondeforam apreendidas diversas unidades dos medicamentos. Além disso,Stefano era o responsável por encaminhar os medicamentos àsdistribuidoras. “Com essas prisõesconseguimos desmembrar essa quadrilha que vinha distribuindomedicamentos roubados em condições impróprias para uso, ineficazespara o tratamento em hospitais e clínicas em todo o territórionacional. O medicamento que apreendemos em Poços de Caldas estavasendo levado dentro de isopor em transporte inadequado. Em SãoCaetano os medicamentos estavam acondicionados em geladeira junto comleite, carne e outros gêneros alimentícios”, afirmou Giampaoli.De acordo com odelegado titular da 2ª Delegacia de Saúde Pública e Roubo deMedicamentos, Sérgio Norcio, a investigação começou em 2007quando um posto de saúde da Vila Mariana, na capital paulista, teveR$ 7 milhões em medicamentos oncológicos roubados. Durante asinvestigações, uma caixa de Mabthera foi encontrada em Poços deCaldas, no interior paulista. “A caixa possuía o selo da Oncofarmae as investigações constataram que a Oncofarma tinha notas fiscaisda saída, mas não de entrada dos remédios. E que haviam vendidotrês caixas que foram encontrada em Poços de Caldas, uma do postode saúde da Vila Mariana e duas de um roubo no Hospital do Câncer.”O corregedor da Secretaria Estadual da Saúde, Alexandre Zakir, explicou que osroubos de mediamentos de alto custo destinados ao tratamento decâncer vêm sendo investigados paralelamente pelo DPPC, pela 2ªSeccional da Zona Sul e pelo 1º Distrito de Polícia de Santo André.Ainda segundo ele, anteriormente sete funcionários da Sáude jáhaviam sido detidos por participarem ou facilitarem o roubo, furto oudesvio desses medicamentos.Esse tipo demedicamento não é vendido em farmácia e o paciente não podesimplesmente ingeri-lo em casa. Para a sua administração, que éfeita por infusão, é necessária a presença de profissionais emlocal adequado. Por isso, a polícia ainda investiga se as unidadesde saúde que aparecem como compradoras desses medicamentos agiram demá-fé ou não.De 2007 até o momento,informou Zakir, a Secretaria Estadual de Saúde calcula ter sofridoum prejuízo de R$ 40 milhões com esses furtos. Entretanto, elegarantiu que os pacientes não sofreram prejuízos, porque o estadotem condições de continuar oferecendo os tratamentos.