Aumento de rendimento foi maior entre os mais pobres em 2008

18/09/2009 - 9h50

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Emboratenha reduzido o ritmo de crescimento devido aos efeitos da crise internacional, o rendimento médiomensal de trabalho do brasileiro (pessoas com 10 anos ou mais deidade) aumentou 1,7% de 2007 para 2008, passando de R$1.019 para R$ 1.036. De 2005 para  2006, a elevaçãohavia sido de 7,2%, e de 2006 para 2007, de 3,1%. O acréscimo,no entanto, foi observado com mais intensidade entre a parcela maispobre da população. Para os 10% das pessoas ocupadascom rendimentos mais baixos, o crescimento da renda médiamensal foi de 4,3%, enquanto para os 10% com rendimentosmais elevados, de 0,3%.Os dados, divulgados hoje (18) peloInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fazemparte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)relativa ao ano de 2008. O estudo, publicado anualmente, traz umaradiografia da situação econômica do país,com informações sobre população,migração, educação, trabalho, família,domicílios e rendimentos.De acordo com o gerente daPesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo, a melhora nosrendimentos da população de mais baixa renda estáassociada, além do cenário econômico favorável,aos programas de transferência de renda do governo, como oBolsa Família.“Além de incentivar o aumentoda escolarização das pessoas, o que já temimpacto direto no nível de rendimento, com a elevaçãoda renda do trabalhador, ele pode cobrar mais por sua atividadelaboral. Se antes se sujeitava a capinar por um preço baixo,sem a mesma necessidade ele passa a poder cobrar mais caro pelo quefaz”.O estudo mostra também que em termosregionais os maiores ganhos foram observados no Nordeste (5,4%) e noCentro-Oeste (3,2%). As regiões Sul (2,1%) e Sudeste (0,5%)também registraram elevação, enquanto a Nortenão sofreu variação significativa. OCentro-Oeste continuou registrando o maior rendimento médiomensal de trabalho (R$ 1.261) e o Nordeste, o menor (R$685).Segundo a pesquisa, houve reduçãona concentração dos rendimentos para o conjunto dopaís, tendo o Índice de Gini (que mede o grau dedistribuição da renda) caído de 0,528 para 0,521de uma ano para o outro. Também foi observada queda nesse indicadornas regiões Norte (de 0,494 para 0,479), Sudeste (de 0,505para 0,496) e Sul (de 0,494 para 0,486). Na Região Nordeste,como houve aumento do rendimento em todos os estratos sociais, aconcentração deles não sofreu alteraçãorelevante (de 0,547 para 0,546). O Centro-Oeste, quecontinuou liderando o ranking, também manteve o mesmo índicede concentração de rendimentos (0,552).O estudorevela que os 10% da população ocupadacom rendimentos mais baixos detiveram, em 2008, 1,2% do total deremunerações de trabalho, praticamente o mesmo patamarobservado em 2007 (1,1%). Oos 10% com rendimentos maiselevados responderam, em 2008, por 42,7%, pouco menos do que os 43,3%observados em 2007.A pesquisa mostra ainda que na categoriados empregados (com e sem carteira assinada, exceto trabalhadoresdomésticos), os sem carteira assinada, que respondiam pelomenor rendimento médio (R$ 604) obtiveram o maior ganhoreal (2,7%) no período. Os militares e funcionáriospúblicos recebiam a maior remuneração média(R$ 1.759) e tiveram ganho real de 0,4%; os empregadoscom carteira assinada, apresentaram incremento de 1,3% no rendimentomédio mensal (R$ 1.034). Na categoria dostrabalhadores domésticos, tanto com carteira assinada, queganhavam em média R$ 523 em seu trabalho principal, quantoos sem carteira assinada, com renda média de R$ 300apresentaram ganhos reais de 2,1% e 2,7%, respectivamente. Os que trabalham por conta própria tiveram queda de 4,8% norendimento (R$ 799).Na análise por gênero, oestudo mostra que as mulheres têm remuneração detrabalho média de R$ 839. O valor representa 71,6% dorecebido por homens (R$ 1.172).