Representantes do MST saem frustrados de reunião com ministros

12/08/2009 - 16h37

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Integrantes doMovimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que estãoacampados em Brasília, se reuniram hoje (12) com ministros embusca de respostas para as reivindicações feitas pelomovimento. A coordenação do movimento saiu doencontro dizendo estar decepcionada pelo governo ter recebido asreivindicações como se fossem novas, em vez deapresentar soluções concretas. “Nós estamosum pouco decepcionados porque, na verdade, o governo sórecebeu a nossa pauta. Todos os pontos que tem na pauta jáforam previamente conversados, discutidos, negociados, acordados etodos com compromissos assumidos pelo governo. E hoje eles receberamcomo se fosse uma pauta nova”, disse a integrante da coordenaçãodo MST, Marina dos Santos. O ministro doDesenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, disse que o governoestá empenhado para fazer com que a reforma agráriaavance e que, na próxima semana, ocorrerá uma novareunião para discutir a pauta do MST recebida hoje. O MST reivindica oassentamento de 90 mil famílias que estão acampadas portodo o país, a revisão dos índices deprodutividade de terra, que servem de parâmetro paraclassificar as propriedades rurais como improdutivas e odescontingenciamento de recursos que seriam usados pelo InstitutoNacional de Colonização e Reforma Agrária(Incra) para a reforma agrária. Em relaçãoao assentamento das 90 mil famílias, Cassel disse que nãohá a possibilidade de atender a todas elas ainda este ano. Elelembrou que há limites de orçamento para as ações.“Nós praticamente já usamos todo o recurso deobtenção de terras, este ano, que tínhamosdisponível”. Ele explicou que o orçamento paraaquisição de terras em 2009 é de R$ 958 milhões,dos quais R$ 600 milhões já foram utilizamos e R$ 300milhões contingenciados em função da crisefinanceira mundial. "O mundo estápassando por uma crise financeira de alta gravidade, o governocontingenciou os recursos do orçamento e isso tambématingiu os programas de reforma agrária. É com isso queestamos lidando, com a possibilidade de descontingenciar parte dessesrecursos", disse o ministro. A integrante dacoordenação do movimento, Marina dos Santos, disse queo recurso para os assentamentos é o ponto que mais preocupa oMST. “O ponto principal que nos deixou preocupados nareunião foi o sinal que o governo deu no sentido de nãohaver possibilidade para descontingenciar os recursos do Incra[Instituto Nacional de Colonização e ReformaAgrária], que vão garantir o assentamento das 90mil famílias acampadas e também o desenvolvimento dosassentamentos”, afirmou. Sobre a revisãodo índice de produtividade, o ministro disse que hádois anos esse assunto é estudado pelo governo. Ele defendeu arevisão e disse que, hoje, se trabalha no Brasil com padrõesestabelecidos ainda em 1975. De acordo com arepresentante do MST, cerca de 3 mil integrantes do movimento queestão acampados em Brasília, continuam na cidade emvigília, a espera de respostas do governo. Além de Cassel,o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República,Luiz Dulci, também participou da reunião. Tambémparticiparam representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens(MAB).