Fim do monopólio de entrega de encomendas poderia inviabilizar Correios, diz presidente

02/08/2009 - 17h10

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Se os ministros do Supremo Tribunal Federal decidirem que a entrega de encomendas não é monopólio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), a estatal não terá condições de sustentabilidade, na avaliação do presidente da empresa, Carlos Henrique Custódio.   

Segundo ele, atualmente é a entrega de encomendas e de cartas comerciais que permite aos Correios cobrar preços baixos e atuar em todo o país na entrega de cartas entre pessoas físicas, que está diminuindo cada vez mais em razão dos avanços tecnológicos.

Custódio teme que se os Correios não tiverem exclusividade no setor de encomendas, a iniciativa privada atue unicamente nos grandes municípios, deixando para a ECT o serviço de distribuição e coleta dessas correspondências em regiões inóspitas.

“Isso diminuiria a receita da ECT, colocaria em risco a saúde financeira da empresa  e, não tendo capacidade de investimento, de pagar os salários na totalidade, teria que tomar alternativas como a distribuição em menos dias, a demissão de carteiros”.

Segundo o presidente, a empresa, que hoje conta com 115 mil funcionários, repassou ao Tesouro no ano passado, entre impostos e dividendos, mais de R$ 2 bilhões.

“Não nos escudamos no monopólio para sermos eficientes”, garante. Do faturamento da empresa, que hoje é de cerca de R$ 11 bilhões, R$ 5 bilhões são relativos à entrega de encomendas, que têm a concorrência de empresas privadas monopolizados.

“Temos mais de 2 mil concorrentes, isso é salutar. Mas só podemos cumprir a legislação postal, que obriga os Correios a estarem presentes em todas as localidades com mais de 500 habitantes, graças às postagens feitas nas grandes cidades”, explica.

Custódio diz que acredita em uma decisão favorável do STF, e lembra que apenas dois países – Argentina e México - têm seus serviços de Correios privatizados. “E eles estão tentando voltar atrás, porque o serviço é de péssima qualidade. Não existe no mundo nenhuma empresa que seja vitoriosa com esse modelo que está sendo proposto no STF”.