Sarney volta a negar conhecimento de atos secretos e desmente mordomo da filha pago pelo Senado

22/06/2009 - 20h10

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),voltou a negar hoje (22) que conhecia a existência de atos que não erampublicados. Após discurso do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), quepediu para que ele rompa com o ex-diretor-geral Agaciel Maia, Sarneyprometeu que todos envolvidos em irregularidades serão punidos.Assim como na última terça-feira (16), quando subiu à tribuna para se defender das denúncias de que teriausado os atos secretos para nomear parentes, Sarney voltou a lembrarque, desde que assumiu a presidência do Senado pela terceira vez, háquatro meses, tomou uma série de medidas para tentar conter assucessivas crises da instituição.“Com os inquéritos, com asauditorias, temos feito tudo que é possível nesse breve tempo, e estouapenas aguardando o senador Heráclito Fortes [DEM-PI] chegar aqui[amanhã] para que a gente possa, então, tomar as medidas relativas aoresultado que foi obtido na abertura do processo sobre o que se chamouatos secretos desta Casa”, afirmou Sarney.“Então, estamoscaminhando nessa direção e ninguém vai, de qualquer maneira, pôr a mãoou evitar que qualquer um seja punido como deve ser punido”, prometeuSarney, em resposta ao discurso de Arthur Virgílio.Mesmo em uma segunda-feira,em que não é comum estar na presidência, Sarney chegou ao plenário doSenado por voltas das 15h para ouvir o discurso do líder tucano.Presidiu a sessão até pouco mais das 19h e ouviu o pronunciamento devários senadores que cobraram pressa na solução dos problemas dainstituição, inclusive sua licença.O presidente do Senadotambém negou que tenha motorista particular pago com recursos do Senadoe disse ser vítima de “insultos e de calúnias”. “O Senado nunca pagounenhum mordomo, como todos os senadores aqui são alvos, como os outrostodos foram, de insultos, de calúnias. Mas, a senadora Roseana [Sarney]não tem mordomo em casa. O sr. Amauri é chofer do Senado há 25 anos.Trabalhou no gabinete do senador Alexandre Costa, trabalhou no gabinetedo senador Lourival Batista, trabalhou na garagem do Senado e é umfuncionário de 25 anos de Casa. Nunca teve nenhuma coisa dessanatureza”, afirmou Sarney.Sarney também explicou como se deu a nomeação do ex-diretor-geral doSenado Agaciel Maia para o cargo, há 14 anos. Segundo ele, na primeiravez em que foi presidente do Senado recebeu um abaixo-assinado dosdemais senadores pedindo a nomeação de Agaciel para a função. Naslegislaturas seguintes, os presidentes mantiveram o funcionário nocargo.“Na primeira vez em que fui presidente desta Casa,convidei para diretor-geral do Senado o senhor Dupeyrat [Alexandre de Paula Dupeyrat Martins], que era um dosmelhores funcionários desta Casa. Ele tinha sido ministro do presidenteItamar Franco e ficou como meu diretor durante oito meses. Depois queele saiu, por vontade própria, apesar da minha insistência para queficasse, recebi um abaixo-assinado de quase todos os senadores, pedindoque nomeasse diretor o Agaciel Maia, que então era diretor da Gráficado Senado”, afirmou Sarney.“Conhecia muito pouco o AgacielMaia. Fui presidente somente por dois anos. Depois, fui sucedido porvários outros presidentes que o mantiveram e agora estou na presidênciahá quatro meses”, completou o Sarney, minimizando sua responsabilidadepela permanência de Agaciel por quase uma década e meia nadireção-geral do Senado.