Cúpula do Mercosul é adiada a pedido do Brasil

22/06/2009 - 21h48

Carolina Pimentel e Mylena Fiori
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A Cúpula do Mercosul, prevista para os dias 3 e 4 julho, em Assunção, no Paraguai, foi adiada para o final do mês, a pedido do Brasil, por causa da agenda internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O embaixador brasileiro no Paraguai, Eduardo dos Santos, fez uma consulta informal ao chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, sobre a possibilidade de adiar a cúpula para o final do mês, segundo o Palácio do Planalto. Os compromissos internacionais de Lula são a principal justificativa. Dias antes do encontro, o presidente estará na Líbia para a Cúpula de Países Africanos. No dia 5 de julho, ele embarca para França, onde receberá o Prêmio pela Paz Félix Houphouët-Boigny 2008, da Organização das Nações Unidas para a Educação. a Ciência e a Cultura (Unesco) – a primeira personalidade sul-americana a ser agraciada. Nos dias 7 e 8, Lula participa da reunião do G8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia), na Itália.A proposta de adiamento da cúpula foi também avalizada pelo Uruguai e pela Argentina, os outros dois países membros do Mercosul. Os argentinos, por exemplo, realizam eleições legislativas no dia 28 de junho. A previsão é de que a cúpula ocorra nos dias 24 e 25 de julho. Também foi adiada, mais uma vez, a assinatura de 14 acordos já negociados entre Brasil e Paraguai, que deveriam ter sido assinados durante visita do presidente Fernando Lugo ao Brasil, no dia 7 de maio. Na ocasião, Lula e Lugo reuniram-se por duas horas. Estava tudo pronto para a assinatura dos acordos em diferentes áreas, mas a formalização foi adiada para quando Lula fosse ao Paraguai para a Cúpula do Mercosul, sinalizando a falta de consenso entre as equipes dos dois governos quanto ao tema central da pauta bilateral: a Hidrelétrica de Itaipu.Em entrevista ao programa Roda Viva, que será transmitido hoje (22), às 22h30 pela TV Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, preferiu não prever se haverá acordo quanto a Itaipu, mas afirmou que algumas das demandas paraguaias já foram contemporizadas. “Pontos em que o Paraguai colocava muita ênfase, como a conclusão de certas obras previstas no tratado e a questão de haver uma gestão mais harmônica e que um diretor brasileiro não mande mais que um diretor paraguaio em certas áreas, estão avançando bastante”, garantiu o chanceler.As principais reivindicações do governo paraguaio são o reajuste da tarifa paga pelo Brasil pela energia de Itaipu não utilizada pelo Paraguai, a livre disponibilidade para vender a energia excedente para outros países (o que demandaria a revisão do Tratado de Itaipu, de 1973) e a revisão da dívida contraída pelo Paraguai para a construção da usina.