Maior parte do comércio nos complexos do Alemão e de Manguinhos é informal, mostra censo

21/06/2009 - 1h41

Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio - A maioria dos estabelecimentos comerciais e outros tipos de negóciosnas comunidades dos complexos do Alemão e de Manguinhos, na zona nortedo Rio de Janeiro,funciona na informalidade, e os proprietários declararam que não sentemnecessidade de legalizar suas empresas ou por falta de capital ou pelaburocracia.  Nos dois complexos, as mulheres estão à frente da maiorparte dos negócios e os bares são maioria,seguidos pelas empresas de alimentos, salão de beleza, confecção etransporte de passageiros.  Também nas comunidades dos dois complexos, os donos dos negócios pagam seus fornecedores à vista.Osdados divulgados neste fim de semana são de um censo empresarialcoordenado pelo vice-governador e secretário de Obras do estado, LuizFernando Pezão, em favelas que estão recebendo obras do Programade Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. Na Rocinha, em SãoConrado, o censo ainda está em fase de conclusão.De acordo comPezão, “a partir dos resultados do censo, o governo do estado vaiarticular com a prefeitura do Rio um pacote de incentivo à formalizaçãode empresas nas comunidades beneficiadas pelo PAC”. A idéia, conformeexplicou, é diminuir a burocracia e atrair outros empreendimentos, alémde promover cursos de capacitação profissional.O levantamentomostra que no Complexo do Alemão, que reúne 17 comunidades com mais de85 mil moradores, existem 5.186 empresas ou empreendedores, sendo 92,3%informais. Além da falta de capital e da burocracia, os proprietáriosapontam a carga tributária como impedimento para a legalização. Eles disseram que acaderneta de poupança foi o investimento inicial para abrir a empresa.Para 64,5% dos entrevistados, o negócio está estável e 23,5%responderam que as vendas estão crescendo. No caso da necessidade deempréstimo, eles recorrem primeiro à família, depois aos amigos e, porúltimo, aos bancos.Para 39,1% dos donos de estabelecimentos nasfavelas do Complexo do Alemão, a principal dificuldade para a captaçãode recursos é a comprovação de renda.No Complexo de Manguinhos,onde há 18 comunidades e mais de 31 mil moradores, o censo identificou2.942 empresas, das quais 93,5% não são legalizadas.  Dos proprietáriosentrevistados, 64% avaliaram seu negócio como estável e 30% disseramque está crescendo. Para abrir o negócio, a maioria pegou empréstimocom amigos ou familiares. Em relação aos entraves ao crédito, 61%disseram que nunca tentaram ou nunca utilizaram.